Morreu na madrugada de sexta-feira (14), em Manaus, o poeta Thiago de Mello, autor de “Os Estatutos do Homem”, um dos poemas mais importantes da literatura brasileira. Ele tinha 95 anos e morreu em sua residência. A causa da morte ainda não foi divulgada.
Natural de Barreirinha, no interior do Amazonas, Thiago de Mello manteve, ao longo da vida, forte ligação com seu estado natal e com a floresta. Chegou a cursar a Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro, mas abandonou os estudos médicos para se dedicar exclusivamente à literatura.
Seu primeiro livro publicado foi “Coração da Terra”, em 1947, mas viria a ser reconhecido como poeta com “Silêncio e Palavra”, lançado em 1951, que mereceu elogios da crítica. Desde o início, a poesia de Thiago de Mello manifestava profundo compromisso com as causas do povo brasileiro. Com o Golpe de 1964, chegou a ser preso e partiu para um exílio que durou uma década. Nesse período morou em vários países, como Argentina, Chile e Portugal.
“Os Estatutos do Homem” foi escrito no exílio chileno em protesto contra o Ato Institucional nº 1 (AI-1) do regime militar. Com o passar do tempo, o poema ganharia status de manifesto: “Fica decretado que agora vale a verdade / que agora vale a vida / e que de mãos dadas / trabalharemos todos pela vida verdadeira”.
Outro de seus poemas mais conhecidos é “Madrugada Camponesa”, escrito durante o processo de aprofundamento da ditadura: “Faz escuro mas eu canto / porque a manhã vai chegar”. Este e outros poemas de sua autoria foram traduzidos para mais de 30 idiomas.
Ao completar 70 anos, o poeta disse que estava há meio século compondo versos “a serviço do amor, da natureza e da liberdade”. Dotado de um coração socialista, Thiago de Mello era crítico ferrenho do neoliberalismo. Segundo ele, os países do Terceiro Mundo deveriam ter o direito de escolher seus próprios caminhos. Ele era considerado o maior poeta brasileiro vivo.
O Sindicato dos Professores de Campinas e Região (Sinpro Campinas) lamenta esta grande perda para a cultura nacional. Thiago de Mello, com sua poesia, esteve presente nas escolas e universidades e ajudou a formar o pensamento de milhões de jovens brasileiros. Em seus discursos, sempre fez questão de frisar a importância da educação para a construção de uma nação livre, soberana e desenvolvida. Estará para sempre na memória do povo que tanto amou.
Thiago de Mello, presente!
Sindicato dos Professores de Campinas e Região