O trabalhador está mais pobre. O fim da política de valorização do salário mínimo, primeira medida tomada por Bolsonaro ao assumir a presidência em 2019, e o alto custo de vida, decorrente, sobretudo, da elevação dos preços dos alimentos e de produtos básicos, como o gás de cozinha, achatam significativamente a renda dos brasileiros.
Os dados mostram. O rendimento mensal do trabalhador foi de R$ 2.713,00 em agosto, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). É o menor valor desde 2012. Para se ter ideia, está 5% abaixo do observado ao período anterior à pandemia de Covid-19.
O levantamento revela ainda aumento do número de empregos sem carteira assinada e com remuneração baixa – média de R$ 1.809,00. Com o mercado fechado, muita gente trabalha por conta própria, mas isso também não é garantia de bom rendimento. A média mensal é de R$ 2.122,00.
O avanço do ultraliberalismo, que tem como um dos pilares a fragilização das leis trabalhistas, colocado em prática no país desde o golpe jurídico-midiático- parlamentar de 2016, foi preponderante na precarização dos postos de trabalho. Dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) mostram que queda dos salários no Brasil é observada desde o início de 2018, ou seja, após a aprovação da reforma trabalhista.
Para se ter ideia, de 2018 a 2020, os reajustes dos salários médios dos empregados com carteira, sempre abaixo da inflação, geraram perda de 10% em termos reais. Nesse período houve elevação das vagas com remuneração de um salário mínimo ou menos, e queda do emprego na faixa que recebe entre um e três salários mínimos.
Um movimento inverso ao que aconteceu entre 2003 e 2014, quando o salário mínimo real acumulou crescimento de quase 60% e houve aumento do número de trabalhadores com remuneração de um a três mínimos.