A secretária de Meio Ambiente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Sandra Paula Bonetti representa a central na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP-27, que começou no domingo (6) e termina na sexta-feira (18), em Sharm El Sheikh, no Egito, com a presença de mais de 90 chefes de Estado e representantes de 190 países.
A COP-27 debate as ações sobre as questões climáticas para salvar o planeta da destruição. “No caso do Brasil, já sentimos a diferença no olhar do mundo sobre nós”, afirma Sandra, que também é secretária de Meio Ambiente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag).
“As pessoas se aproximam para saber notícias do Brasil e da eleição do nosso presidente Lula”, diz. Com isso, “todos querem se reaproximar do Brasil” e “todos se mostram satisfeitos com o convite feito pelo governo egípcio para a participação do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva”. E “como é bom poder dizer isso”.
Essa conferência é realizada todos os anos desde 1992 para acordos políticos com o objetivo de limitar o aumento da temperatura e promover a adaptação às mudanças climáticas, que tantos transtornos têm trazido ao planeta, essencialmente aos países mais pobres.
Para Sandra, “é fundamental a participação do movimento sindical na luta pela preservação ambiental com mais consciência” porque “muitas vezes as discussões sobre a mudança climática e os desastres ambientais causados por ela ficam à deriva no mundo do trabalho” e, com isso, “não colocamos o ponto de vista da classe trabalhadora sobre esse essencial tema para o futuro da humanidade”.
Com o grave “risco de predominar o pensamento empresarial, que em geral, é cínico sobre a defesa da natureza, das florestas, dos rios e o controle das terras e da água, como algumas empresas desejam ter esse controle para faturar com esse bem vital para a todo mundo”, assinala Sandra.
Ela reforça ainda a necessidade de massificar o tema ambiental com consciência de classe e assim “salvarmos o planeta da destruição pela ganância do capital”. De acordo com a sindicalista e ambientalista, “é isso o que vemos no Brasil desde 2019, com total desrespeito às normas ambientais, sociais e humanas”.
Além de “ataques contundentes às terras dos povos originários, à agricultura familiar, à luta das trabalhadoras e trabalhadores do campo por vida digna, à população ribeirinha e aos quilombolas”.
Afinal, como afirma Sandra, “os impactos da devastação da natureza são mais sentidos pela agricultura familiar e pela classe trabalhadora”. Por isso, “precisamos entender esse universo, cujo debate fica muito restrito à academia, dentro das universidades”. Geralmente, “as pessoas que vivem do trabalho já fazem a sua parte, mesmo sem a consciência plena dessa importância de preservar a natureza em benefício da humanidade”.
Sandra destaca a diferença de presença de pessoas entre o estande oficial do governo brasileiro e o estande da sociedade civil. “Basta olhar as fotos e ver o interesse pelo Brasil da esperança”, ressalta. “Importante destacar que estamos muito felizes com essa esperança”, principalmente com “a real possibilidade de agora em diante sermos ouvidos” e, mais ainda “de haver punição às pessoas que invadem terras indígenas e quilombolas, em geral com crimes violentos”.
Sandra acredita “no fim do desmatamento, das queimadas, da emissão de carbono na atmosfera e da violência no campo”. Porque “o Brasil precisa da agricultura familiar e da agroecologia para pôr fim à utilização exagerada de agrotóxicos e elevar a produção de alimentos saudáveis”.
Porque “as brasileiras e brasileiros desejam viver bem” e “investir na agricultura familiar e defender a natureza é a melhor maneira de combater a fome e o desemprego no campo”. Além também de ser necessário “promover a reindustrialização de maneira sustentável para o país voltar a sorrir e comer bem com trabalho decente”.