Em encontro com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e com o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, nesta quarta-feira (18), cerca de 500 sindicalistas, incluindo dirigentes sindicais de nove entidades, apresentaram uma lista de reivindicações. Na conversa, foram pautados temas como valorização do salário mínimo, reajuste do imposto de renda e a revogação da reforma trabalhista, entre outros. Como medida emergencial para analisar as demandas, o ministro anunciou a criação de três grupos de trabalho.
Dois grupos serão destinados a estudar e propor mudanças na lei trabalhista. Outro, de instalação imediata, irá discutir as regras de reajuste e reinstalação da Política de Valorização do Salário Mínimo, interrompida pelo governo de Jair Bolsonaro em 2019.
Em seu discurso, o presidente da CTB, Adilson Araújo, destacou a importância da união das instituições para estabelecer o diálogo com o governo federal e frisou que não há motivo para acatar o debate imposto pelo mercado financeiro, de que não pode haver responsabilidade fiscal aliada à responsabilidade social. “A responsabilidade fiscal não pode ser o custo do maltrato ao povo pobre, ao povo indigente, ao povo que padece de insegurança alimentar, o povo que não tem um prato de comida para se alimentar. O custo fiscal precisa ser um esforço combinado, de um Brasil atrasado, mas que tem uma dívida de construir um pacto com o seu povo, que pressupõe a construção de uma política que reponha não só a necessidade de recompor a inflação, mas sobretudo permitir o ganho real com aumento da variação do PIB [Produto Interno Bruto]. O rebatimento disso é visível, porque ninguém em sã consciência vai fazer poupança com o salário mínimo. Salário mínimo é a poupança garantida que o governo tem”, salientou.
Por fim, o presidente da CTB defendeu que a reinstalação da Política de Valorização do Salário Mínimo vai impactar de forma positiva a vida de 60 milhões de pessoas. “Isso importa muito para quem movimenta e incrementa a economia, como foi o auxílio emergencial. O incremento do salário mínimo tem um fator estratégico decisivo para o nosso programa. é por isso que eu penso que nós temos que fazer o bom combate. O debate do salário mínimo não pode ser pautado pelo ‘deus mercado’, mas sim por quem depende do salário mínimo, quem não consegue mais fazer o supermercado. Temos que apostar em uma política que se aproxime mais dos anseios do nosso povo. É por isso que nós seguimos comprometidos em estabelecer o diálogo”, concluiu Araújo.
Em sua fala, o presidente Lula enalteceu o encontro e disse que o diálogo entre o governo federal e os trabalhadores foi restabelecido. Afirmou ainda que o país “necessita que os sindicatos voltem a ser fortes” e disse que a sociedade precisa “pressionar o governo para que as conquistas aconteçam”.
Atualmente, o salário mínimo no país é de R$ 1.302. As centrais clamam por R$ 1.343. Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil tem o segundo pior salário mínimo real entre 31 países, atrás de vizinhos da América Latina, como Colômbia e Chile.