O Sinpro Campinas e Região lamenta profundamente a perda do diretor e dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa. Considerado um dos maiores artistas brasileiros do teatro, ele morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos de idade, em São Paulo.
Na última terça-feira (4), ele foi internado em estado grave após um incêndio atingir o seu apartamento no bairro Paraíso. Zé Celso chegou a ser socorrido pelo marido, o ator Marcelo Drummond, mas não resistiu ao ter quase 60% do corpo queimado.
A importância do artista
Zé Celso Martinez iniciou sua carreira no final da década de 50. Na juventude, cursou a Faculdade de Direito da USP, mas não chegou a concluir a graduação porque se envolveu com a dramaturgia na metade do percurso.
Nascido em Araraquara (SP), tornou-se conhecido somente após se mudar para a capital paulista e liderar a companhia Teatro Oficina Uzyna Uzona. Foi nessa companhia que criou e encenou seus primeiros textos: Vento Forte para Papagaio Subir (1958) e A Incubadeira (1959).
Zé Celso polemizou ao levar ao palco atores e atrizes com corpos nus, tendo seu teatro recebido injustamente o rótulo de “pornográfico” em alguns países onde se apresentou. Fez história com a montagem teatral de “Roda Viva”, em 1968.
Durante a ditadura militar, o artista foi preso, torturado e exilado. Morou na Europa e na África, onde se dedicou a produzir textos revolucionários. Zé Celso ocupou no teatro o mesmo lugar que Glauber Rocha ocupou no cinema e Caetano Veloso e Gilberto Gil ocuparam na música: o lugar do Tropicalismo como ideologia e concepção estética.
Ao longo de sua notável trajetória no teatro, Zé Celso colaborou ou trabalhou conjuntamente com Chico Buarque, Augusto Boal e Raul Cortez, entre outros autores renomados. Ele foi o profissional mais longevo do teatro brasileiro. Sua brilhante carreira foi marcada pela criação de aproximadamente 40 peças, incluindo obras emblemáticas como O Rei da Vela, de Oswald de Andrade, e Os Sertões, baseada no livro de Euclides da Cunha.
Nos últimos anos, Zé Celso Martinez Corrêa ganhou destaque na mídia por sua dura oposição ao governo de Jair Bolsonaro e suas críticas ao desmonte do setor cultural. Em uma de suas entrevistas mais recentes, declarou: “A macroeconomia faz mal à humanidade. A arte é a infraestrutura da vida.”