Hoje, 2 de abril, data em que se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, o Sinpro Campinas e Região faz um apelo aos responsáveis pela educação brasileira para que atentem a um problema que há muitos anos afeta as famílias de crianças e jovens autistas: a ausência de acompanhante em sala de aula.
Somente no último ano, a deputada estadual Andréa Werner (PSB-SP), que é mãe de autista, contabilizou ao menos 560 denúncias de mães e pais de todo o Estado de São Paulo sobre o descumprimento da legislação brasileira. Os relatos revelam que a inclusão escolar, embora assegurada por lei, não acontece na prática.
Salvo as exceções, tanto na escola pública quanto na privada, crianças e adolescentes com deficiências, principalmente autistas, são impedidas de frequentar a sala de aula e aprender por meio de ferramentas pedagógicas de acessibilidade. Isso porque a presença de profissionais especialistas, que possam auxiliar na educação desses alunos, é praticamente inexistente nas instituições de ensino.
O autismo não é uma deficiência física, mas de uma deficiência que afeta comportamento, interesses, comunicação e percepção sensorial. Municípios e estados, mas também empresários da educação, têm se negado a promover a inclusão de crianças e adolescentes autistas no ambiente escolar. As justificativas variam, mas são meras desculpas para não investir neste segmento da sociedade.
Segundo um dos estudos mais recentes sobre o tema (“Retratos do Autismo no Brasil em 2023”, realizado pelas startups Genial Care e Tismoo.me), há cerca de 6 milhões de portadores de TEA (Transtorno do Espectro Autista) no Brasil e 85% deles estão fora do mercado de trabalho, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Trata-se de um problema de ordem social e econômica que deve ser enfrentado sem meias palavras.
O Sinpro Campinas e Região sempre coloca em sua pauta de reivindicações melhores condições de trabalho para os professores que têm alunos autistas em sala de aula, mas o tema ainda é tabu para a maioria das escolas. Recentemente, porém, houve um avanço: em reunião com o Sesi, esta instituição de ensino se comprometeu com o sindicato de contratar, a partir do segundo semestre deste ano, um especialista para cada uma de suas unidades no Estado de São Paulo – o que significa em torno de 160 profissionais.
“Ainda falta muito para chegarmos a um cenário ideal, mas a resposta positiva do Sesi é um alento que serve de motivação para seguirmos na luta. A meta é que todas as escolas possam ter uma política de inclusão”, disse a professora Paola Fernanda Guidi, vice-presidente do Sinpro Campinas e Região.