O governo de São Paulo planeja um novo crime contra a Educação. Tarcísio e seu secretário, Renato Feder, planejam substituir os professores da rede paulista pela plataforma de Inteligência Artificial, o ChatGPT, nas atualizações do material digital usado por professores dos últimos anos do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e do Ensino Médio. O projeto que beira o absurdo, foi duramente criticado nas redes sociais e pela opinião pública.
Para o presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (SINPEEM), professor Claudio Fonseca, a medida prejudica o processo de ensino e aprendizagem da educação, além disso, demonstra que Tarcísio de Freitas (Republicanos) não tem consideração com a educação, com os profissionais e nem pelos equipamentos educacionais.
“O governador Tarcísio de Freitas anuncia mais uma medida que não é só polêmica, é inconcebível quando se trata de processo de ensino, aprendizagem e de educação. Segundo o governador, as aulas para as crianças e adolescentes da rede pública serão preparadas a partir ou com o uso do ChatGPT, inteligência artificial. Pelo trato que dá a educação de São Paulo, pelas medidas já anunciadas anteriormente, tudo que se sabe e tudo que se vê é que o governador não tem nenhum préstimo com a educação pública, não valoriza os profissionais de educação, nem os equipamentos educacionais, quase todos eles em péssimas condições de funcionamento, se tratando de rede pública estadual de ensino, não investe de fato em tecnologias, não transforma a escola num espaço adequado para o processo de ensino-aprendizagem, com o ChatGPT produzindo as aulas, discutindo o currículo ou elaborando as aulas a partir de um currículo que não foi debatido, discutido, aprovado pelos profissionais de educação, só vise o governador a demitir milhares e milhares de professores e substituir o contato humano do professor com seus alunos”, criticou o professor.
“A humanização se dá através da educação e essa relação entre o professor e aluno é imprescindível e insubstituível por um aplicativo, por ChatGPT, nada contra o uso de tecnologia, afinal eu sou um defensor da ciência, mas o propósito do governador é escancarado. A escola que já é ruim, a educação que já é penalizada pelas medidas adotadas pelo governador, de falta de valorização dos educadores, professores e demais profissionais de educação, será ainda mais prejudicada com o uso do Chat GPT em substituição aos professores, contra esta medida do governador, que é possível ainda rever, senhor governador, espero e esperamos que assim seja”, disse.
Atualmente, o material didático é realizado por professores curriculistas, especialistas na construção desse tipo de conteúdo. Agora, os curriculistas vão apenas “avaliar a aula gerada pela inteligência artificial e realizar os ajustes necessários para que ela se adeque aos padrões pedagógicos”.
A Secretaria Estadual da Educação, as aulas foram elaboradas em 2023 pelos curriculistas. O que o projeto prevê é a “atualização e aprimoramento” desse material “com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula”.
Em nota, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) afirmou que a decisão é um escárnio.
“A substituição de professores por robôs guiados por inteligência artificial (IA) é um escárnio sem precedentes e representa um novo e grave patamar de precarização dos profissionais da Educação e um ataque aos direitos dos estudantes.
A inteligência artificial deve ser uma ferramenta pedagógica, inserida em longo e refletido planejamento, para potencializar as estratégias de ensino e aprendizagem. Nunca, jamais, como forma de substituir professores como responsáveis pela formulação de conteúdo pedagógico. A IA já se provou importante auxiliar no processo criativo. Mas ela é meio. Não fim em si mesma.
Além de irresponsável, a medida representa um equívoco sem precedentes. Sozinha, a IA comete erros infantis e faz associações equivocadas de informações. O volume de conteúdo que ela produzirá invariavelmente conterá muitos erros. Colocar os professores como auxiliares dela, e não o contrário, importará em desperdício de horas de trabalho, com possibilidade de erros serem mantidos, em prejuízo do processo pedagógico e dos profissionais responsáveis. E, certamente, resultará em demissões. Nosso mandato popular tomará medidas para impedir mais esse descalabro!”, diz a nota do sindicato.
A deputada estadual professora Bebel (PT), ex-presidente da Apeoesp, ingressou com uma ação no Ministério Público contra o uso do ChatGPT.
No segundo semestre do ano passado, o secretário da Educação Renato Feder chegou a planejar que as escolas estaduais de SP não recebessem mais livros didáticos físicos e tivessem apenas o material digital como ferramenta. Contudo, após críticas e erros encontrados no conteúdo, a decisão foi revogada.
Fonte: Hora do Povo