Nesses 7 e 8 de junho passados, o Sinpro Campinas e Região sediou o Encontro Nacional dos Professores e Estudantes das Universidades Católicas, com convidados de escol que discutiram a situação das Pontifícias Universidades Católicas do país, os problemas e desafios enfrentados e possíveis desdobramentos e ações que venham a proteger a saúde pedagógica, financeira, estrutural, ética dessas renomadas instituições. Desse excelente evento saíram discussões, aprendizados e propostas, bem como um documento oficial, além de uma carta que será escrita e dirigida ao papa Francisco I. Abrilhantaram o evento os professores Alípio Casari, Márcio Tangerino e Madalena Guasco, debatendo e ensinando em suas palestras.
Mas qual a verdadeira importância desse encontro, e quais riscos correriam as Pontifícias Universidades Católicas?
Antes de mais nada, não nos esqueçamos da triste situação das Universidades Metodistas (UNIMEP), cujas crises resultam em um desmonte da instituição e no desmoronamento de décadas de reconhecida atuação: desastroso seria que as PUC´s sofressem de mesmo mal. E quem ameaça o ensino superior privado como um todo, não apenas as Pontifícias Universidades?
Um dos inimigos (não os chamemos por eufemismos!) que devem ser apontados sem titubeio é o grande capital financeiro, cujos fundos, acionistas, negócios e interesses há muito já se imiscuiram na Educação privada, lucrativo filão, através de conglomerados educacionais monopolistas. Grupos educacionais como a Cogna Educação, Fundação Lemann, Yduqs, Grupo Estácio, entre outros, agitam-se, e com sucesso, para fornecer suas plataformas e serviços no setor privado, inclusive com a padronização de material didático, técnicas didáticas, tecnologias e ideologias, estas últimas apontando, não nos esqueçamos, para a visão de mundo do grande capital: competição sem freios, meritocracia, lucratividade acima de tudo, segregação social quase como “fato natural”…ensino maquínico, muito preferencialmente projetado para o mínimo possível de crítica, contestação, construção ética e humana, pensamento político.
Óbvio está que tais grupos, amparados pelo grande capital financeiro, têm interesse nas PUC´s, e sob discursos de “reestruturação” os desmontes passariam facilmente despercebidos pelos menos atentos.
Os participantes do Encontro Nacional das Universidades Católicas disseram um enfático “não!” a esses interesses do capital, que ao contrário do que podem dizer seus defensores não é amoral, mas imoral, uma vez que a desigualdade, a pobreza e a miséria são inerentes a esse sistema.
Um instituição como as Pontifícias Universidades Católicas poderiam se dispor a deixar correr em suas veias esse fel ávido apenas de lucro e de pensamento reduzido, domesticado, padronizado? Leia-se a Constituição Apostólica Veritatis Gaudium, justamente construída pelo papa Francisco em relação às Universidades ligadas a igreja católica; tomemos apenas o caráter social, ético e moral do referido documento, pois não é de nossa alçada, aqui, o teor religioso; tudo quanto diz sobre o humano e o conhecimento na Constituição apontada é frontalmente contrário aos ditames do lucro sem freios nem justiça social.
Poderiam as PUC´s do país se opor a essa Constituição Papal, deixando de lutar vivamente contra os processos de desmonte e ocupação perpetrados pelo capital especulador? Seria isso um dilema para as universidades pontifícias?…
Para o Sinpro-Campinas e Região não existem dúvidas: é premente a ação em prol da manutenção da qualidade dessas instituições, sob caminhos éticos, socialmente referenciados, com apoio à ciência e combatendo sem pejo os interesses lucrativos de grandes grupos educacionais que operam em detrimento do livre conhecimento e da liberdade de pensamento crítico.
À luta!

Alexsandro Sgobin é professor de Geografia e diretor de Educação do Sinpro Campinas e Região

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