Ela cresce no mundo ocidental (não se diga: “no mundo todo”!) garbosamente, sem medo de mostrar suas feias faces, pregando contra imigrantes, homoafetivos, direitos das mulheres, muçulmanos, minorias, contra a esquerda, os miseráveis, ONG´s, procurando destruir direitos trabalhistas adquiridos à custa de luta e sangue, buscando dizimar o diálogo, esmagar quem é contra sua ideologia, louvar a violência e a disciplina debaixo de botas ferradas como a salvação de um mundo “perdido”; e, tétrico, buscando invadir salas de aula, uma vez que a educação é braço ansiosamente procurado pelos seus ideólogos, doutrinadores (que ironia…) antes de tudo, a ultradireita há muito renasceu das cinzas em que foi transformada (mas não o suficiente, como se percebe hoje) depois da Segunda Guerra Mundial e caminha com passos céleres para ser eleita em vários pontos do Ocidente.
Trazendo em seu bojo, como é seu costume, a hagiografia de figuras duvidosas, a fantasia de um passado glorioso, o apoio do grande capital e uma religiosidade que é tudo menos de religação, partidos extremistas e seus representantes ganham eleições, obtém espaço nas redes sociais e mídias eletrônicas, seduzem jovens aqui e ali com seu discurso apocalíptico, maniqueísta e simplório, apresentam “soluções” a um mundo confuso e fragmentado. O dragão de mil cabeças, a quem ditadores e genocidas como Hitler, Mussolini, Franco e Pinochet deram cor e verbo, nunca deixou de estender suas patas a nossos estudantes, sequioso de ensiná-los sobre o inimigo que deveriam combater: o outro, obviamente qualquer um que não se enquadre no perfil “digno”, quer seja, homem, branco, cristão, de pensamento pobre, e, amém, europeu.
O resto deve ser apenas suportado, e em muitos casos, separados, perseguidos, silenciados, e se preciso…aniquilados.
Eis aí! Parece ao honesto leitor, a honesta leitora, bom que assim seja? Que nossas crianças e jovens sejam induzidos ao ódio e à segregação pela cor da pele, religião, maneiras, orientação sexual, lugar de onde vem o Outro? Que o diálogo e a pluralidade de pensamento deem lugar ao nacionalismo mais tacanho, ridículas marchas coreografadas, ao decorar de discutíveis nomes de “heróis da nação”, à redução da complexidade infinita das coisas a uma visão de mundo fechada e boçal a tal ponto que faria vergonha a qualquer pessoa esclarecida do século retrasado?
Pois é isso que promete, ainda que não o diga claramente e o doure com palavras e imagens palatáveis, projetos de ultradireita como o “Escola sem Partido”, aprovado por Tarcísio em São Paulo, não sejamos ingênuos! A acusação de “doutrinação”, que nos é atirada ao rosto, a nós, educadores progressistas, é exatamente o cerne da ultradireita em relação a educação, e covarde da parte de seus agentes seria negar isso.
Afinal, para criar o medo ao outro, o ódio ao muito diferente de nós, a obediência às palavras dos “salvadores da pátria”, aceitar a ignomínia de um pensamento parvo e fácil, é preciso doutrinar, doutrinar e doutrinar.
Contudo, a resistência a esses movimentos periódicos de asselvajamento político e social também está presente, e vigilante (ainda que setores progressistas mais formais tenham demorado a perceber a saúde em que vicejava o dragão…): nem um passo para trás em relação a ideias e movimentos extremistas!
Nas ruas, nas salas de aula, nos gabinetes políticos, nas mídias, onde quer que o monstro que ganhou corpo e nome na Itália fascista se apresente ou deixe entrever sua sombra, ali estaremos, como sempre estivemos, nós, progressistas, defensores da vida e da pluralidade das coisas e das gentes.
Nem um passo para trás!!!

Alexsandro Sgobin é professor e diretor de educação do Sinpro Campinas e Região

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