Sim, já ouvimos a expressão “milagre” sobre as altas notas no Ideb que o Nordeste oferece (aliás, todas as notas 10 no exame são do Nordeste), e, obviamente, não há milagre algum, mas políticas eficientes, colaboração entre Estados e municípios, incentivos, trabalho coerente. No Ceará, por exemplo, foi instituído o ICMS Educacional, que estabelece a distribuição de ao menos 10% da cota municipal do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a partir de bons resultados nos indicadores de melhoria na aprendizagem.
Pois bem; e o que ocorre no Sudeste, região mais rica do Brasil, e em particular no Estado de São Paulo, motor do país, como se costuma dizer?
Lamentável seria uma palavra menos forte, por delicadeza, para descrever a situação de nossas escolas públicas, e no quesito índices de aprendizagem, não poucas das particulares. Problemas já velhos, como prédios depauperados, ensalamento, fechamento de salas de aula no período noturno, professores seriamente doentes, evasão escolar, violência, drogas na sala de aula, casos de ansiedade, depressão e bullying severo entre estudantes.
A lista de misérias é longa.
Inegável que décadas de governos tucanos tiveram sua parte nessa ruína, quando as privatizações e o sucateamento da coisa pública eram as palavras de ordem, tudo embalado na ideologia neoliberal/meritocrática e sem sequer resquícios de uma crítica honesta e fundamentada sobre esse pacote dito salvador pelas mentes da época. Mas os tucanos perderam a posição de liderança, outros vieram e subiu, finalmente, Tarcísio ao posto de governador. Que teve a ideia de trazer de volta uma solução no mínimo curiosa para resolver vários dos problemas nas escolas públicas do Estado: fazer alunas e alunos marcharem, aprenderem ordem unida, obedecer comandos militares, sob a supervisão de um sargento aposentado da Polícia Militar, treinado exaustivamente em questões escolares, educacionais, pedagógicas e nas lides com crianças e adolescentes (ria-se, leitor/leitora, é uma ironia, naturalmente).
De modo que com o espírito de uma instituição (a PMSP) sobre a qual não faltam críticas gravíssimas, que nada tem a ver com educação, e cujo trato com jovens de periferia não é exatamente reconhecida como impoluto, vamos sanar o deficit de aprendizagem, a indisciplina, a violência e o incrível marasmo de salas de aula que pecam justamente por colocar a “disciplina” como arauto do sucesso, ignorando os problemas sociais criminosos que grassam no Estado…
Usar fogo para combater o incêndio??
Tome senso, governador! Ou, não o fazendo, e certamente não o fará, aqui continuaremos para continuar a luta pela educação democrática, laica e de qualidade, com muito trabalho e sem fórmulas mirabolantes ou simplesmente vis para com mestres e estudantes!
O Sinpro não para e nem se cala, rebus sic stantibus, senhor Tarcísio!

Alexsandro Sgobin é professor e diretor de Educação do Sinpro Campinas e Região

Foto: Governo do Estado do Ceará

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