O Sinpro Campinas e Região repudia a declaração do empresário e conselheiro estadual de educação Claudio Mansur Salomão, em referência ao suicídio de um aluno bolsista do Colégio Bandeirantes, ocorrido no último dia 12 de agosto, em São Paulo.

Em reunião do Conselho Estadual de Educação (CEE-SP), dois dias após a tragédia, Salomão afirmou que “bolsas de estudos causam impacto negativo na vida social dos alunos mais pobres” e defendeu que haja uma “triagem melhor” nas escolas particulares.

Em sua fala, o próprio conselheiro admitiu se tratar de ‘persona non grata’ nos sindicatos pelo fato de ser contrário a “algumas conquistas em convenções coletivas”. Ele citou como exemplo a bolsa de estudos para filhos de funcionários – o que gerou revolta entre a comunidade dos estudantes bolsistas.

Coincidência ou não, na mesma semana da declaração abjeta, a direção do Colégio Bandeirantes informou que iria avaliar o cancelamento da parceria com a Ismart, ONG para bolsistas que faz a ponte entre jovens de baixa renda e instituições de ensino de elite. Para piorar a situação, o assessor do núcleo de estratégia e ex-diretor do colégio, Mauro Salles Aguiar, criticou a “agressividade” dos bolsistas, que reivindicaram atendimento psicológico, disse que “escola não é clínica de psicologia” e culpou “essa sociedade dos direitos” pela pressão exercida sobre a unidade de ensino. Os adolescentes alegam que são vítimas de bullying e não recebem suporte do colégio.

O Sinpro Campinas condena as palavras do conselheiro de educação e do assessor do Colégio Rio Branco. Ao colocar a culpa na vítima pelo suicídio e destacar a “agressividade” dos estudantes bolsistas sem considerar dinâmicas raciais e sociais, a escola perpetua o racismo estrutural e falha em formar cidadãos conscientes e empáticos.

Segundo os próprios alunos, a deterioração da saúde mental dos bolsistas não se deve à falta de acesso aos espaços frequentados pelos alunos de classe média alta, mas à exclusão e marginalização que enfrentam diariamente sem que a direção do colégio tome medidas efetivas.

Condenamos, portanto, toda e qualquer tentativa de punir os estudantes bolsistas por uma situação da qual são vítimas e não responsáveis. A tensão gerada pela desigualdade social não deve e não pode ser usada como forma de aprofundar o preconceito e a exclusão.

Campinas, 29 de agosto de 2024
Diretoria do Sinpro Campinas e Região

Foto: CNN

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