Com a permissão da leitora/do leitor, esse texto será bastante pessoal, o que não impede que essas palavras possam se aplicar a maioria dos dirigentes sindicais que fazem da luta séria uma missão. Quando perguntam: “o que lhe levou a entrar para a direção de um sindicato?”, não tenho pejos em responder: “entrei porque alguém tem que fazer isso”. Poderíamos gastar um bom tempo citando motivos obviamente justos e verdadeiros, como a luta pela educação, contra o desrespeito porque passam professoras e professores nesse país, o combate por salários dignos e qualidade de vida dentro de salas de aula de escolas e Universidades, mas não são esses tópicos o cerne dessas letras em específico.
Quero dizer é do caminho espinhoso do sindicalista. É uma escolha árdua: o trabalho é intenso, e não conhece descanso, fins de semana ou mesmo feriados quando uma pauta urgente se apresenta. O dirigente sindical tem de estar atento o tempo inteiro, presto, para que nenhum desmando ou infração do patronato, dos governos, nenhuma proposta, lei ou decreto antidemocrático lhe escape, sob pena de o custo disso ser caro para todos. Seja na esfera municipal, estadual ou federal, atenção constante! Ação imediata para o que seja minimamente danoso a nosso mister, à Educação!
Da mesma forma, o dirigente deve estar atento sem pausas para sua atuação: erros podem ocorrer, mas devem ser evitados com total empenho, pois carrega ele a responsabilidade de ser útil e exemplar ao coletivo que representa, e também ao sindicato ao qual empresta sua luta; nos inúmeros embates e combates pelos quais passa um sindicato, deve ele procurar a temperança, não pode descurar do estudo contínuo e da formação sindical e política, deve ter em mente leis e convenções coletivas. Precisa compreender em profundidade as situações regionais, nacionais e internacionais, convém que esteja a par de quanto acontece e que possa ter impacto, mesmo que o menor, sobre a Educação brasileira.
E, ao contrário do que pensam muitos, o dirigente sindical do Sinpro não percebe salários, mas apenas ajudas de custo para exercer seu trabalho; e nesse trabalho, não faltam ataques (como não citar o governo Temer, que de uma canetada tentou destruir os sindicatos?), perseguições, ameaças, leviandades; as críticas, incontáveis vindas do desconhecimento e dos golpes do conservadorismo tacanho e da extrema-direita, são ferrenhas.
O labor é duro.
E por que seguimos, sob tal peso?
Porque acreditamos no direito de sermos, nós educadoras e educadores, respeitados; porque não recuamos diante de desafios, nem de tentativas de nos calar: acreditamos no que falamos e fazemos, e isso nos faz ser vistos com olhos enviesados por aqueles que procuram rebaixar mestras e mestres burlando leis, explorando o trabalho docente sem reservas, desrespeitando nosso nobre ofício. Não desistimos nem descansamos porque sabemos da necessidade do sindicato, em um país onde a farsa dos “contratos de trabalho” e a precarização são gritados aos ventos como a salvação – quando, na verdade, serão o desastre.
Com gosto avançamos sobre espinho e rocha, se o objetivo é a dignidade de nossa profissão.
Encerro esse texto repetindo por que lutamos em um sindicato: porque alguém tem de fazer isso.
E nós o faremos, caros colegas!
Junte-se a nós! Sindicalize-se!!
Alexsandro Sgobin é professor e diretor de Educação do Sinpro Campinas e Região
Ilustração: Contee