Digamos logo, sem delongas: uma das poucas instituições formalmente eleitas para defender os interesses de trabalhadoras e trabalhadores da Educação que nos restam atualmente são os sindicatos. Certamente que todo o mundo do trabalho vem sendo atacado pela perda de direitos duramente conquistados, pela uberização, trabalho por contrato etc., e seria realmente impressionante se a Educação, categoria tão menosprezada desde muito tempo, não fosse colocada nesse moinho.
Cabe dizer mais: este que lhes escreve também é professor, e para a nossa classe trabalhadora cabe uma autocrítica: quando fomos realmente unidos? Quando nos juntamos espontaneamente e lutamos pelos nossos direitos enquanto docentes de instituições de ensino particular, sem que um sindicato tomasse a frente dessa luta, missão que lhe cabe? Quantas vezes o receio de uma demissão, de perseguições ou o assédio moral não nos tolheu a iniciativa e calou muitas vozes, enquanto o sindicato pelejava no front? Um sindicato é composto por pessoas, portanto tem seus defeitos; mas, sem ele…apenas pensemos nisso.
Mas a destruição da instituição sindical faz parte do motor da sanha ultraliberal que roda o planeta, com o capitalismo dando sinais (nada discretos) de suas falhas estruturais costumeiras, mas agora desejando reduzir trabalhadores e trabalhadoras a meros contratos temporários, números facilmente descartáveis e substituíveis, e trazendo no bojo a farsa da meritocracia, lamentável e sedutora ilusão. Assim se faz o engodo, enquanto se sujeita mestres ao peso da bota, debaixo da qual tentamos respirar.
Logo estarão a nos chamar de empreendedores!…
E quem forma ao lado de grandes conglomerados do capitalismo, que querem construir uma educação padronizada, lucrativa, “limpa” de toda crítica social ou política, imbecilizante e anódina? A mídia de massas, claro está. Mostrando de maneira espetacular a fila dos que desejam entregar as cartas de oposição à taxa sindical, por exemplo, ajuda a reforçar a pergunta “para quê precisamos de sindicatos?”, pergunta a qual cremos ter respondido logo acima. Isso se dá porque grandes veículos midiáticos (mas, não só os grandes!) precisam de patrocinadores via anúncios, além de ser convidada a atender a certos interesses, nem patrocinadores, nem interesses, estejamos certos disso, afinados a causas sociais ou a melhorias de nossas condições de trabalho.
É isto covarde, pois o alcance dessas mídias é imenso, e a capacidade de resposta dos sindicatos é limitada, e muito dela se faz ao “chão da fábrica”, na conversa com colegas professores, onde procuramos, com esforço sincero, dizer a que viemos e porque estamos em tal batalha.
O alcance de ambas as iniciativas é tremendamente desigual. Árduo fazer.
Ora, e por que não desistir?
Porque não podemos desistir sem ofender profundamente nossa noção moral e ética: acreditamos firmemente na nobreza e na importância de nossa profissão, e declaramos sem pejo inimigos da Educação e da democracia quem quer que nos imponha retiradas de direitos, exploração ainda maior do trabalho, desrespeite nosso mister nos espaços de aprendizagem, persiga professores e professoras, desconsidere nossa tarefa. Não recuaremos um só centímetro, por mais que as costumeiras pedras caiam sobre nossas cabeças.
É nossa obrigação mostrar a cada momento a necessidade de existirem sindicatos, cometendo falhas o menos possível, procurando vitórias às custas de nosso próprio tempo.
Não desejamos as estrelas, mas apenas respeito e um combate justo dos veículos de comunicação atrelados aos senhores da riqueza e da voz, e assim será, uma vez que continuaremos vivos, façam os senhores o que fizerem.
O Sinpro Campinas e região está aqui!
Alexsandro Sgobin é professor e diretor de Educação do Sinpro Campinas e Região (Arte: Outras Palavras)