Na abertura do G20 nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou a Ação Global contra a Fome e a Pobreza com a adesão de 82 países, 26 organizações internacionais, nove instituições financeiras e 31 fundações filantrópicas e organizações não-governamentais.
O presidente brasileiro tem apoio de países como Estados Unidos, China, França, Alemanha, Índia, Austrália, Noruega e Bangladesh, além da União Europeia e União Africana.
Com uma economia quebrada, a Argentina, que não havia assinado o documento, voltou atrás. A informação foi confirmada à CNN pelo sherpa daquele país no G20, Federico Pinedo.
No seu discurso, Lula disse que o Brasil conhece o caminho e sabe que é possível acabar com a fome. “Conseguimos sair do Mapa da Fome da FAO em 2014, para o qual voltamos em 2022, em um contexto de desarticulação do Estado de bem-estar social. Foi com tristeza que, ao voltar ao governo, encontrei um país com 33 milhões de pessoas famintas”, disse.
No seu terceiro governo, ele ressaltou que, em um ano e onze meses, retirou mais de 24, 5 milhões de pessoas da extrema pobreza. Para isso, contou com a participação ativa da sociedade civil.
“Concebemos e implementamos programas de inclusão social, de fomento da agricultura familiar e da segurança alimentar e nutricional, como o nosso Bolsa Família e o Programa Nacional de Alimentação Escolar”, destacou e anunciou que até 2026, novamente, o Brasil sairá do Mapa da Fome.
Males sociais
O presidente observou que a fome e a pobreza não são resultado da escassez ou de fenômenos naturais: “A fome, como dizia o cientista e geógrafo brasileiro Josué de Castro: ‘a fome é a expressão biológica dos males sociais’”.
Portanto, ele enfatizou aos demais líderes presentes que se trata do produto de decisões políticas, que perpetuam a exclusão de grande parte da humanidade.
“O G20 representa 85% dos 110 trilhões de dólares do PIB mundial. Também responde por 75% dos 32 trilhões de dólares do comércio de bens e serviços e dois terços dos 8 bilhões de habitantes do planeta”, lembrou.
E fez o desafio: “Compete aos que estão aqui em volta desta mesa a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Por isso, colocamos como objetivo central da presidência brasileira no G20 o lançamento de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”.
Para Lula, a situação mundial piorou desde a primeira reunião de líderes do G20, convocada em Washington no contexto da crise financeira de 2008.
“Dezesseis anos depois, constato com tristeza que o mundo está pior. Temos o maior número de conflitos armados desde a Segunda Guerra Mundial e a maior quantidade de deslocamentos forçados já registrada”.
Os fenômenos climáticos extremos, de acordo com ele, mostram seus efeitos devastadores em todos os cantos do planeta.
“As desigualdades sociais, raciais e de gênero se aprofundam, na esteira de uma pandemia que ceifou mais de 15 milhões de vidas. Segundo a FAO, em 2024, convivemos com um contingente de 733 milhões de pessoas ainda subnutridas”, lamentou.
O presidente afirmou que é como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome.
“São mulheres, homens e crianças, cujo direito à vida e à educação, ao desenvolvimento e à alimentação são diariamente violados. Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Em um mundo cujos gastos militares chegam a 2,4 trilhões de dólares, isso é inaceitável”, criticou.
Com informações do Vermelho (Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil)