O professor, antropólogo e educador Darcy Ribeiro, um dos maiores pensadores da educação brasileira, foi oficialmente inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, conforme publicação no Diário Oficial da União (DOU) no último dia 12 de novembro.
A inclusão de seu nome neste espaço simbólico é uma homenagem póstuma ao seu legado inestimável, que contribuiu profundamente para o desenvolvimento e a valorização da educação no Brasil, e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Nascido em Montes Claros (MG) em 26 de outubro de 1922, Darcy Ribeiro foi um dos intelectuais mais influentes da América Latina. Sua trajetória é marcada pela busca incessante por uma educação capaz de transformar a realidade social do país e promover a inclusão de todos os brasileiros, especialmente das populações mais vulneráveis. Ele também é reconhecido por seu trabalho em defesa dos povos indígenas.
Como ministro da Educação durante o governo João Goulart (1962-1964), Darcy Ribeiro liderou os projetos pioneiros de expansão e democratização do ensino, com destaque para a criação de universidades federais no Brasil. Sua visão era de que a educação deveria ser uma ferramenta de transformação social e que o país precisava urgentemente investir em sua juventude e em uma formação mais inclusiva, focada no desenvolvimento crítico e autônomo.
Além disso, Darcy foi um dos responsáveis pela criação da Universidade de Brasília (UnB), onde também atuou como o primeiro reitor. Sua concepção para a universidade era a de um centro de ensino autônomo, livre da burocracia estatal. O campus principal da UnB, que leva o nome de Darcy Ribeiro, é um dos maiores testemunhos de sua visão revolucionária.
Darcy Ribeiro não se limitou ao segmento da educação. Sua obra etnográfica sobre os povos indígenas brasileiros é uma parte fundamental de seu legado. Ele fundou o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, em 1953, e foi um dos principais responsáveis pela criação do Parque Indígena do Xingu, que contribuiu para a preservação das culturas indígenas no Brasil.
Em seus estudos e escritos, Darcy se destacou pela defesa dos povos originários e pela crítica à marginalização a que estavam submetidos. Ele também se dedicou ao estudo das culturas latino-americanas, produzindo uma vasta obra sobre a história, a identidade e os desafios do continente.
Após o golpe militar de 1964, Darcy Ribeiro teve seus direitos políticos cassados e foi forçado a se exilar. Durante sua estadia em países como Chile, Peru e Uruguai, ele continuou sua produção literária e acadêmica, escrevendo romances, ensaios sobre a história da América Latina e reflexões sobre o processo de colonização e suas consequências. Essa fase de exílio não só marcou sua vida pessoal, mas também consolidou seu nome como um dos maiores pensadores da América Latina.
Retornando ao Brasil em 1976, Darcy foi anistiado em 1980, e a partir daí retomou sua trajetória política, sendo eleito vice-governador do Rio de Janeiro em 1982 ao lado de Leonel Brizola. Em 1990, foi eleito senador, sempre focado na defesa da educação pública e de qualidade, que permeou toda sua carreira.
Em 1996, Darcy Ribeiro fundou a Fundação Darcy Ribeiro, com sede em Copacabana, Rio de Janeiro, para preservar seu acervo literário e acadêmico. A fundação tem como missão manter viva a memória de sua vasta obra e promover a educação, a cultura e o conhecimento, em sintonia com os ideais defendidos por Darcy ao longo dos seus 74 anos.
O formidável Darcy Ribeiro faleceu em 18 de fevereiro de 1997 e seus feitos seguem reverberando. O seu espírito de luta continua inspirando gerações.
O Povo Brasileiro ainda escuta a sua voz: “Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca”.
A obra de Darcy Ribeiro continua a ser uma referência essencial para todos aqueles que lutam por uma educação pública de qualidade. Seu nome, agora inscrito no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria é mais uma confirmação de que o Brasil reconhece e celebra a grandiosidade de seu trabalho para a construção de um país mais justo, crítico e democrático.
Por Romênia Mariani, da CONTEE