
O 1º de Maio não é uma data para celebrações vazias, mas um marco da resistência dos trabalhadores e trabalhadoras no Brasil e no mundo. Enquanto o capital aumenta seus lucros ano após ano, nós, professores, enfrentamos a precarização crescente da nossa profissão. A educação, transformada em mercadoria, desvaloriza nosso ofício – o que impacta diretamente na sociedade, apesar dos prejuízos serem sentidos, muitas vezes, a conta-gotas. Trabalhamos em condições cada vez mais adversas: salários aviltados, jornadas excessivas, saúde física e mental comprometidas etc.
A reforma trabalhista de 2017 aprofundou os ataques aos direitos dos trabalhadores em geral, enfraquecendo sindicatos e facilitando a exploração. A uberização, que atinge entregadores, motoristas e autônomos de vários setores, também chega às escolas: hoje, contratos precários, terceirizações e a falsa ideia de que ensinar é um “bico” são uma triste realidade. Somos pressionados a aceitar condições indignas.
Mas a história nos mostra que a união é nossa maior arma. Foi pela organização coletiva que conquistamos direitos no passado, e é pela resistência sindical que defenderemos o futuro. O Sinpro Campinas e Região segue na linha de frente, denunciando abusos e exigindo políticas que valorizem o trabalho dos professores e professoras.
Uma de nossas bandeiras é a luta pela redução da jornada de trabalho. Trata-se de uma demanda urgente para garantir dignidade aos trabalhadores. A escala 6×1 é uma herança perversa de um sistema que trata o tempo de descanso como luxo, não como direito. Professores, já sobrecarregados por salários baixos e más condições de trabalho, são ainda mais esgotados por rotinas exaustivas que não permitem recuperação física ou mental. Reduzir a jornada para 40 horas semanais, sem corte nos salários, é um passo fundamental para frear o adoecimento da categoria e assegurar que o trabalho não consuma toda a vida. Essa bandeira não é apenas econômica, mas de saúde pública e justiça social.
A defesa da democracia também é inseparável da luta pelos direitos trabalhistas. Retrocessos políticos sempre recaem primeiro sobre os trabalhadores, com cortes de verbas para educação, ataques à organização sindical e leis que facilitam a exploração. Golpes e autoritarismos aprofundam crises econômicas, precarizam empregos e retiram conquistas históricas. Quando a democracia é ameaçada, os professores estão entre os primeiros a sentir os efeitos: salários atrasados, escolas abandonadas e a criminalização da greve. Por isso, resistir contra os ataques às instituições é também defender o pão e o futuro da classe trabalhadora. A democracia não é abstrata – sem ela, perdemos direitos, voz e condições mínimas de vida.
Sindicato dos Professores de Campinas e Região – Sinpro