A notícia é “antiga”, mas as lições servirão para muito tempo: professores do Ensino Superior do Estado de São Paulo aprovaram em assembleia, com 90% de apoio, da contraproposta do patronato para a categoria garantindo reajuste salarial, abonos e a manutenção de direitos históricos, duramente conseguidos. Sabem também que nada disso veio de boa vontade: ávidos em retirar direitos, desvalorizar ainda mais a profissão docente, aurir lucros às custas do aumento da carga de trabalho de professoras e professores, o patronato veio a carga com propostas cujo adjetivo indecente é o que melhor lhes cabia, na esperança de fazer em pedaços a Convenção Coletiva de Trabalho que vigia e preparando caminhos para a precarização completa da carreira docente superior.

Duas considerações se podem fazer, ao menos, disso: primeiro, o trabalho dos sindicatos classistas, que verdadeiramente atuam nas lutas, sem os quais restaria, representando professoras e professores em negociações difíceis com o patronato como a que citamos…quem? Que grupo, instituição ou órgão se sentaria à mesa com os barões da educação superior privada, a reivindicar manutenção de direitos conquistados e o aporte de benefícios que um docente mereceria, deveria merecer, pelo trabalho que exerce sob altas cargas e custos físicos e mentais seríssimos?

Pois bem, colega, pode-se estar seguro de quem ninguém assumiria missão assim espinhosa, portanto são os sindicatos classistas que, inclusive sofrendo as costumeiras perseguições e ameaças, se põem a frente das batalhas que ano após ano são necessárias para garantir o mínimo de dignidade no exercer de nossa profissão. Chamamos as assembleias e votamos a greve nessa campanha salarial de 2025, onde a proposta patronal de aumento salarial era de pouco mais de 0% (sim, ZERO porcento), e o baronato da educação privada percebeu que ninguém aqui estava a brincar.
Sem essas movimentações, reflita, honestamente, o colega sobre o que lhe haveria restado.

Segundo, o que ocorreu com o Ensino Superior privado nessa campanha salarial de 2025 foi um dos ápices (e não se tenha a ingenuidade de esperar que não se repita, ou venha ainda pior na próxima!) de processos de desmonte dos direitos trabalhistas em geral e de um desprezo às claras pela dignidade dos docentes que têm não só o patrão que, sem ao menos corar, oferece pouco mais de 0% de aumento nos ganhos de profissionais, mas também grupos políticos e ideológicos poderosos que enxergam estudantes como massa de manobra apta apenas a expectorar aportes “técnicos” obedientemente, sem a menor crítica social ou política; professoras e professores agentes dispensáveis em um futuro próximo (pense na sanha com que as IA´s estão chegando, ou melhor, sendo “chegadas”…), preferencialmente “neutros” e lhanos; e os sindicatos classistas como um empecilho mortal aos lucros estratosféricos que centuplicam também às custas da superexploração de seus profissionais do ensino.

Bem, sobre nós, desses sindicatos classistas, chovem pedras diariamente; mas, tornamos a considerar: frente a frente ao patrão, se não forem os sindicalistas representantes de sua classe laboral, quem fará a defesa dos seus interesses e direitos? Pense em nomes ou instituições, colegas de trabalho, e em o fazendo, reserve um bom tempo para isso, pois certamente precisará. E receamos que não encontre ninguém ao fim.
Sindicatos classistas não brincam, colegas; são a última linha de defesa contra as investidas do patronato e dos anseios do grande capital, cuja preocupação com sua existência, sua saúde, sua dignidade, é no mínimo precária, apenas para sermos delicados.

Sabemos por que lutamos, sabemos muito bem contra quem lutamos, e apesar dos virulentos ataques cotidianos, aqui estamos e aqui continuaremos.
Porque sabemos.

Alexsandro Sgobin é professor e diretor de Educação do Sinpro Campinas e Região

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