
É ponto pacífico entre os que estão atentos ou simplesmente tem opção pelo senso crítico que o Congresso que ora temos é o mais retrógrado que já encheu a Câmara e o Senado, abundando, das fileiras da extrema-direita, dos oportunistas do “centro” e da infame bancada BBB (Boi, Bala e Bíblia), verdadeiros espetáculos de mau circo, inverdades, arrivismo, reclames anacrônicos e vociferações seguindo uma moralista “pauta de costumes” que, curiosamente, pouco reflexo têm entre os personagens que a reclamam. Mas isso não basta: é preciso, rugem os representantes de tais arruaças, destruir as poucas benesses que os trabalhadores, a imenso custo, conseguiram – obviamente não revelando isso às claras, mas com rodeios os mais impressionantes e espertos.
Vejamos apenas alguns exemplos: em regime de urgência e com os costumeiros urros, congressistas aliados ao grande capital atacam o Decreto 12.499, de 2025, que prevê aumento no IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que impactará realmente não o pobre trabalhador que conta moedas ao final do mês, mas os grandes movimentadores de dinheiro, nas mãos dos quais as cifras vão a milhões e bilhões. “Escândalo!”, gritam os congressistas “conservadores”, como se o mundo fosse ameaçado findar com tal decreto, que é óbvio, deve ser visto criticamente -, mas isso não é o forte dos guardiões da moral e dos bons costumes das Casas.
Bem, não nos recordamos de tais personagens defendendo com semelhante desespero o bem-estar dos trabalhadores, o aumento do salário mínimo, a saúde laboral, os direitos adquiridos…
Outro: veio também a ideia de permitir que a oposição à contribuição sindical seja feita on line, o que seria sem dúvida um facilitador – mas a crítica não é sobre isso. É sobre a intenção real, essa sim proferida sem meias-palavras a muito tempo pelos “conservadores” de destruir os sindicatos a partir de sua sustentação financeira, e garantir um futuro próximo de subempregos, contratos temporários, zero direitos, pejotização, a festa do patronato, enfim, tudo açucarado com as fantasias do “empreendedorismo fácil” e do “self made-man” vomitado a torto e a direito pelo coach do momento. E, perguntamos mais uma vez: quem defenderá os direitos dos trabalhadores se os sindicatos foram à ruína? Os bancos? Esses congressistas?? O coach???
Finalmente vem o famoso e indecente caso da conta de luz, que já não é barata, em nome do lucro das fornecedoras de energia e seus CEO´s. Embora o nome mais brilhante nessa covarde maquinação seja o do inglório Nikolas Ferreira, é o Congresso “conservador” a máquina que deu azo a mais esse tapa no rosto dos que realmente trabalham no país. Segundo tais cidadãos, como se pode ler nas entrelinhas de seu palavrório comum, resta a nós economizarmos nos “luxos” que temos, portanto, veja bem colega: acenda velas, para quê se render à ostentação das lâmpadas elétricas?!
Bem disse Ulysses Guimarães, certa vez: “você só diz que esse Congresso é ruim porque ainda não viu o próximo”…
Assim é.
Alexsandro Sgobin é professor e diretor de Educação do Sinpro Campinas e Região