
A próxima sexta-feira, 1º de agosto, marcará o início de uma jornada nacional de mobilizações em defesa da soberania brasileira, liderada pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e amplamente respaldada por movimentos sociais, centrais sindicais e entidades representativas dos trabalhadores. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) se soma a esse chamado com firmeza, considerando a defesa da soberania um imperativo democrático e condição fundamental para garantir justiça social, igualdade de oportunidades e um projeto de nação popular e independente.
A data escolhida não é aleatória. Marca o início da aplicação de uma tarifa de 50% imposta unilateralmente pelo governo dos Estados Unidos, presidido por Donald Trump, sobre produtos brasileiros. A medida, que fere regras básicas do comércio internacional, é encarada por amplos setores da sociedade brasileira como um ataque frontal à soberania nacional e uma tentativa explícita de pressionar politicamente o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Trump ainda ousou enviar uma carta exigindo a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe de Estado, um gesto que não apenas ignora a independência entre os poderes no Brasil, como escancara a intenção de interferência nos rumos do país.
“A história nos convoca mais uma vez a defender a democracia brasileira, a nossa soberania e o nosso futuro. Essa luta é inadiável”, afirma Bianca Borges, nova presidenta da UNE, eleita no último Congresso da entidade (Conune), realizado em Goiânia com a presença de mais de 10 mil estudantes de todo o país.
Contee: defesa da soberania é luta em defesa da educação e do povo
Para a Contee, o ataque à soberania nacional afeta diretamente o projeto de país que se quer construir: justo, democrático, sustentável e com oportunidades para todos. Como entidade que representa trabalhadores da educação privada, a Conteeentende que não há como promover um sistema educacional emancipador sem soberania nacional e sem que os interesses do povo estejam acima das imposições de potências estrangeiras.
“O movimento em defesa da soberania é, ao mesmo tempo, uma afirmação incondicional da democracia, da justiça social e da dignidade do povo brasileiro. A Contee se soma às mobilizações do dia 1º de agosto porque compreende que a educação, enquanto instrumento de transformação, está diretamente ligada à capacidade de o Brasil definir os rumos do seu próprio desenvolvimento”, destaca a Confederação.
Ao lado da UNE, da Frente Brasil Popular, da Frente Povo Sem Medo, de centrais sindicais e demais entidades comprometidas com um projeto de nação popular, a Contee apoia as manifestações em todo o país e conclama os trabalhadores da educação a se engajarem nesta luta.
Bandeiras levantadas pelos estudantes: soberania, justiça fiscal e educação pública
A UNE, que em seu 60º Congresso reafirmou a centralidade da luta pela soberania, apontou que os ataques promovidos pelo governo Trump fazem parte de uma estratégia mais robusta do imperialismo estadunidense para conter o avanço das potências emergentes, como os países do BRICS, e reafirmar o domínio geopolítico dos Estados Unidos na América Latina. A taxação imposta ao Brasil, as sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a ameaça de sanções secundárias contra países que mantêm relações comerciais com a Rússia são, segundo os organizadores do ato, expressões de uma escalada autoritária que visa submeter a região ao controle da Casa Branca.
Ao mesmo tempo, a UNE denuncia o falso patriotismo da extrema direita brasileira, que segue alinhada aos interesses norte-americanos. “Eles fingem defender o Brasil, mas agem como serviçais dos interesses estrangeiros. O povo precisa estar nas ruas para desmascarar essa farsa e defender um Brasil soberano, desenvolvido e democrático”, afirmou Bianca.
Além da pauta da soberania, o Congresso da UNE também abordou temas urgentes, como a evasão no ensino superior, que atinge mais da metade dos estudantes nas instituições públicas e privadas, e a necessidade de um sistema de assistência estudantil mais consistente. A UNE defende a retirada do orçamento da educação dos limites impostos pelo arcabouço fiscal, considerado uma barreira ao pleno desenvolvimento das políticas educacionais.
Bianca Borges: juventude, coragem e unidade à frente da UNE
A nova presidenta da UNE, Bianca Borges, de 25 anos, representa uma nova geração de lideranças comprometidas com um projeto nacional popular e democrático. Estudante de Letras no Instituto Federal de São Paulo (IFSP), Bianca foi eleita com 82,62% dos votos no Congresso da UNE, realizado entre os dias 13 e 17 de julho, em Goiânia (GO). Sua eleição marca uma histórica unidade das forças progressistas no movimento estudantil, reunindo juventudes do PT, PCdoB, PSB, PDT e setores do PSOL na chapa vitoriosa “Unidade e coragem em defesa do Brasil”.
Natural de Itapevi (SP) e criada na Praia Grande, no litoral paulista, Bianca chega à presidência da maior entidade estudantil da América Latina com a missão de conduzir os estudantes em um dos períodos mais complexos da história recente do país. Em sua trajetória, ela tem se destacado por articular a luta pela educação com a defesa da democracia e o enfrentamento às desigualdades sociais.
Sua gestão será marcada pela ampliação das políticas de permanência estudantil, pela defesa da reforma universitária popular e pela construção de um projeto educacional alinhado aos interesses da classe trabalhadora. Bianca também reforça o protagonismo feminino à frente da UNE: das últimas sete presidências da entidade, seis foram ocupadas por mulheres, evidenciando a força das mulheres no movimento estudantil brasileiro.
“Romper barreiras de gênero e ocupar espaços de decisão é fundamental. A educação e a luta estudantil são ferramentas de transformação social e política. Estamos aqui para abrir caminho para que mais mulheres e mais jovens possam sonhar e construir um país melhor”, declarou a nova presidenta.
1º de agosto: nas ruas em defesa do Brasil
As manifestações convocadas pela UNE e por diversas entidades populares não serão apenas uma resposta ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos, mas um grito coletivo por soberania, justiça social, democracia e dignidade. É um momento de unir forças, de trabalhadores e estudantes, para reafirmar que o Brasil não aceitará retrocessos, nem tutelas estrangeiras.
A Contee conclama todas as suas entidades filiadas, professores, professoras e trabalhadores da educação a se somarem aos atos. A soberania nacional não é uma bandeira partidária: é um valor que pertence a todo o povo brasileiro.
Contee, com informações da Agência Brasil