
Enquanto se celebrava nas ruas do país o 7 de setembro sob o tema da soberania nacional, como seria de se esperar em qualquer manifestação de independência de um país, na Paulista e alhures turbas emocionadas reclamavam anistia para um cidadão acusado de tentativa de golpe de Estado (sem mencionar seus outros atos deploráveis, como as mentiras, obstrução da justiça, negacionismo criminoso…), chegando ao circo de ostentar uma gigantesca bandeira estadunidense no lombo, foto já famosa em frente ao MASP.
Bandeiras estrangeiras no dia da Independência do Brasil?
Ora, sim, meus amigos e amigas, o bolsonarismo não se destaca exatamente por coerência, caráter ilibado ou lucidez minimamente razoável, como bem o sabemos; agora mesmo o traidor da pátria Eduardo Bolsonaro se agita (com dinheiro público brasileiro) em sua cruzada anti-Brasil nos states, lambendo os sapatos de Donald Trump e apoiando intervenção no Brasil…para “defender” esse mesmo Brasil.
Calcule-se o nível de idiotia e canalhice aí transbordando, se é que tal conta pode ser feita em moldes racionais.
Mas tivemos mais novidades, ainda que para quem está atento não seja novidade alguma: Tarcísio utilizando o morto-vivo Bolsonaro como escada para o pleito de 2026, e mostrando sem rodeios sua veia fascista e golpista – o verdadeiro sangue extremista que lhe corre nas veias.
Justo dizer que é o mesmo governador que cerceia e ataca o professorado e a educação com medidas autoritárias; o mesmo cidadão que, sem conhecer o Estado, com tremendo mau gosto por parte do eleitorado subiu ao cargo para governar o que mau tinha visto; o mandatário que deixa aumentar a violência policial exponencialmente, para regozijo de seus fãs. Sim, pois quem o apoia certamente tem mais de fã – fanático, de onde vem a palavra – que de eleitor com a mínima consciência crítica.
O ex-militar carioca forma ao lado da extrema-direita nacional, cuja metástase pelo país já mostrou o nível de destruição que pode causar, e escaldados por 2018, quando o país vê o resultado das urnas abrir portas para um espetáculo de monstruosidades dignas dos piores retrocessos já experimentados em nossa história, não duvidemos demais da possibilidade de semelhante personagem ganhar força: mesmo que 2022 e os julgamentos recentes do golpista-mor e seus sicários mostrem uma volta a uma solidez bem-vinda da democracia, o inimigo está vivo e passa razoavelmente bem. E contra a extrema-direita não cabem floreios nem retórica, mas, como assume esse que lhes escreve, apenas o mais encarniçado combate.
O menor vacilo pode nos custar muitíssimo caro, e que as penosas lições de 2019-2022 nos incentivem a todo momento a afinar os passos e os espíritos, aos milhões, no afã de esmagar sem pejo a hidra autoritária e covarde que se nutre até nossos dias dos miasmas do Duce e de um certo pintor austríaco frustrado.
Oxalá num futuro que não seja distante, de toda essa lamentável onda extremista não restará nada além de cinzas, alegremente espalhadas por incontáveis pés democráticos num feliz samba.
Viva a democracia! Viva o Brasil democrático!!!
Alexsandro Sgobin é professor e diretor do Sinpro Campinas e Região