
A proibição do uso de celulares nas escolas já mostra resultados concretos: mais de 80% dos estudantes afirmam que estão mais atentos às aulas desde que a lei sancionada em janeiro pelo presidente Lula entrou em vigor. A pesquisa, conduzida pela Frente Parlamentar Mista da Educação em parceria com o Equidade.info, ouviu 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores em todas as regiões do país.
Os impactos positivos aparecem principalmente nos anos iniciais do ensino fundamental, em que 88% dos estudantes relatam maior foco e 89% percebem melhora no comportamento. No ensino médio, porém, os índices caem para 70% e 76%, sinalizando desafios entre adolescentes.
Segundo a presidente do Equidade.info, Claudia Costin, os dados representam uma conquista, mas revelam limitações: “Identificamos que os desafios são maiores no ensino médio, onde a ansiedade e o tédio sem o celular são mais presentes. Houve uma queda significativa no bullying virtual na visão dos gestores, mas é crucial ouvirmos os estudantes que ainda sentem o problema. Ou seja, a conclusão é que a restrição foi positiva, mas sozinha não basta: as escolas precisam criar alternativas de interação e estratégias específicas para cada idade”.
Professores e gestores confirmam o impacto da medida. Para 74% dos docentes, os alunos estão mais concentrados. Já 77% dos gestores destacaram a redução do bullying virtual, embora apenas 41% dos estudantes tenham percebido essa mudança, o que mostra que parte dos conflitos ainda não desapareceu.
Tédio e ansiedade preocupam
Por outro lado, o estudo também aponta efeitos colaterais. Quase metade dos alunos relatou sentir mais tédio nos intervalos e recreios, especialmente os mais novos. Professores também observaram aumento da ansiedade em parte dos estudantes.
O deputado Rafael Brito, presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, reforça a importância da lei: “Proteger nossos estudantes do uso do celular em sala de aula é garantir um ambiente mais saudável e focado no aprendizado. O resultado que vemos hoje é a confirmação de que a educação precisa ser prioridade, com políticas que cuidem do presente e preparem o futuro dos nossos jovens”.
Para o coordenador da pesquisa, Guilherme Lichand, professor da Stanford Graduate School of Education, a medida deve ser consolidada como política de longo prazo: “Mais do que limitar o uso do telefone celular, a lei abre espaço para repensarmos como a escola se conecta com os alunos. O próximo passo é garantir que a aplicação da lei seja efetiva em todas as etapas, respeitando as particularidades de cada contexto escolar”.
Do portal Vermelho / Foto: Agência Brasil