
Em entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (9/10) à Rádio Brasil, a presidente do Sinpro Campinas e Região, Conceição Fornasari, criticou a previsão de aumento médio de 9,8% nas mensalidades das escolas particulares na virada de 2025 para 2026. O índice foi apontado por um levantamento da Grupo Rabbit e é mais que o dobro da inflação esperada para o próximo ano, estimada em 4,81%.
A dirigente sindical contestou o argumento do setor patronal de que o reajuste é necessário para cobrir custos de funcionamento. “Defendemos a educação pública gratuita e de qualidade. Se assim fosse, não precisaríamos de escolas privadas. A inflação esperada de 4% não justifica um aumento de quase 10%. Grupos econômicos que têm capital na bolsa visam apenas a lucratividade, tratam educação como mercadoria”, afirmou Conceição.
Durante a entrevista, a presidente do Sinpro lembrou que grandes grupos educacionais têm apresentado lucros expressivos — um deles, citou, obteve R$ 3 bilhões de capital líquido entre 2024 e 2025. “Que crise é essa?”, questionou. Ela ressaltou que a valorização dos professores não é a responsável pelos aumentos nas mensalidades: “Defendemos a reposição da inflação e ganho real, que não são abusivos nem injustificados. Se o professor desse prejuízo, as escolas particulares não estariam tão cheias nem seriam tão lucrativas.”
O jornalista Thiago Varella, que conduziu a entrevista, relatou um caso pessoal em que suas filhas precisaram mudar de escola após a instituição ser comprada e fechada por um grupo estrangeiro. Para Conceição, esse é um dos riscos da privatização do ensino. Ela recomendou aos pais atenção redobrada: “É importante observar a tradição da escola, seu histórico pedagógico e seu caráter humanista. Ver se ela respeita os direitos trabalhistas e cumpre os acordos coletivos dos professores — esses são bons sinais de confiabilidade. Não podemos cair no canto da sereia.”
Conceição também abordou outro tema sensível: o aumento dos casos de assédio moral no ambiente de trabalho. “É um problema geral, mas que atinge os docentes de forma silenciosa, pois muitos têm medo de denunciar ou nem sabem que são vítimas”, disse. A presidente destacou a parceria com o Ministério Público do Trabalho e a importância do Manual contra o Assédio nas Escolas, elaborado pelo sindicato. Segundo ela, denúncias podem ser feitas de forma anônima, com garantia de sigilo. “Vamos intensificar ações para combater e prevenir o assédio, protegendo a categoria”, concluiu.