Colegas professoras e professores: de 27 a 30 de janeiro desse ano corrente aconteceu em Brasília a CONAE-Conferência Nacional da Educação, histórico evento que somará forças para as lutas que virão para todos e todas que têm na Educação seu mister e seu ganha-pão. Há que lembrar que a última CONAE ocorreu em 2014, e em 2022 tivemos a Conape-Conferência Nacional POPULAR de Educação, que foi um ato de resistência ao que vinha ocorrendo no país desde o golpe de 2016.
E é sempre salutar relembrar contra o quê resistimos à época do golpe e continuamos a resistir nesse exato momento, sem pausas nem tréguas: uma reviravolta no país que trouxe consigo a selvageria ultraliberal na economia, o obscurantismo e o fundamentalismo religioso para dentro da política e das escolas, a derrocada temporária do Brasil no exterior como nação respeitável, tudo agravado com a eleição da personagem mais sinistra e deletéria dos últimos tempos – o agora inelegível Jair Bolsonaro. A destruição de direitos trabalhistas, a perseguição da liberdade de ensinar e aprender, a invasão desenfreada de poderosas empresas com seus sistemas de ensino, a estupidez tornada virtude nas manifestações ruidosas, nas mídias a favor do governo obscurantista, nas redes sociais, o negacionismo criminoso, o fundamentalismo religioso, o isolamento do país frente ao resto do mundo: eis aí desastres que deixaram cicatrizes fundas e ainda deitam raízes fortes no solo pátrio, sob a sombra da extrema-direita e movimentos antidemocráticos.
Aí a importância histórica dessa CONAE-2024, onde setores progressistas se uniram a educadoras e educadores em três dias de trabalho intenso (que foram coroados pela presença do Presidente Lula no último dia da Conferência) para construir um documento-base que contemplou, entre muitos outros pontos, a necessidade basilar da educação democrática, laica, de qualidade e ao alcance de todos no Brasil. Como era esperado, representantes de setores extremistas ali estiveram, mas suas parcas propostas ao arrepio da democracia e da liberdade de ensinar e aprender foram rejeitadas, aclarando na Capital a vitória das forças progressistas da Conferência.
Porém, colegas, o caminho mais árduo virá agora: as propostas progressistas havidas na CONAE 2024 têm de ser defendidas no Congresso Nacional, sob a presença de setores ultraconservadores e preocupados tão-somente com o lucro, para os quais a educação representa mero locii para ideologias canhestras, doutrinação conservadora e censura, além de fonte inesgotável de dividendos polpudos; nenhuma palavra sobre a cidadania, a formação de pessoas críticas e livres, sobre a diversidade das gentes e dos pensamentos, a democracia.
A CONAE-2024 foi um marco histórico, e o sentido disso, pensamos nós, será cada vez mais reforçado com o passar do tempo; é premente agora não permitir que esse marco se dilua, atuando sem descanso para que suas propostas sejam seriamente debatidas e aprovadas, em um ambiente que longe está de ser pacífico.
Trata-se de mais uma batalha, colegas, e aqui lembramos que sozinho, o sindicato pouco pode fazer: a presença de seus sindicalizados é condição primeira na luta contra as perversidades que agentes do grande capital, do patronato e dos setores ultrarradicais nos impingem, dia a dia, sem trégua.
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Alexsandro Sgobin é professor e diretor do Sinpro Campinas e Região