O Sinpro Campinas e Região, entidade classista comprometida com a defesa da educação e da democracia, não deixaria de registrar neste 31 de março, data em que o golpe militar de 1964 completa 60 anos, seu repúdio às reiteradas tentativas de apagamento da memória de todo o mal causado ao País pela ditadura.

Inaugurado após um golpe que derrubou o presidente João Goulart, o regime militar, que perdurou durante 21 anos, impôs à sociedade brasileira um período de perseguições, ameaças, intimidações, violações de direitos, censuras, desaparecimentos, torturas e mortes de opositores.

O “milagre econômico”, alavancado por obras faraônicas da ditadura, é comumente usado como justificativa por aqueles que insistem em defender o indefensável: um regime de exceção que reprimiu de forma sistemática movimentos sociais, sindicatos, organizações de esquerda, professores, estudantes e camponeses.

O legado deste ciclo de opressão pode ser percebido até os dias atuais. Há ecos deste período na violência policial contra a população periférica e os povos indígenas, na banalização desta violência e da prática da tortura, no assassinato de lideranças do campo progressista, no discurso de ódio contra políticos e militantes de esquerda, na ameaça bolsonarista à democracia e em tantos outros exemplos.

A ditadura militar é uma ferida aberta na história brasileira e só irá cicatrizar quando houver punição aos envolvidos pela trama macabra do golpe e seus desdobramentos. De outra forma, a sombra do passado continuará nos impedindo de caminhar em direção a um futuro verdadeiramente democrático. Neste sentido, lamentamos a decisão do presidente Lula de cancelar as comemorações pelos 60 anos do golpe militar. Um povo sem memória é um povo destinado a repetir a história com requintes de crueldade.

Por isso, hoje é dia de lembrarmos os brasileiros e brasileiras – estes sim verdadeiros patriotas – que resistiram contra a ditadura de todas as formas possíveis. Muitos caíram na luta. Outros tantos sobreviveram para contar a história.

Propomos neste dia que lembremos com carinho e respeito de todos e todas que desapareceram para sempre ou morreram lutando, em especial os professores e os estudantes, que estiveram na vanguarda da resistência. É nosso dever impedir que a data do golpe seja apagada do calendário, pois os horrores da ditadura não podem ser esquecidos. Lembrar é um ato revolucionário.

Campinas, 31 de março de 2024

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