É necessariamente humano lamentar profundamente a tragédia que assola o Rio Grande do Sul e que pode atingir o Estado de Santa Catarina, e somar esforços para mitigar o sofrimento das populações atingidas; mas aqui voltamos, também, para ações paliativas, dado que avisos, alertas e estudos de monta foram publicados e discutidos exaustivamente ao longo dos últimos anos, por conta das mudanças climáticas. E os desastres continuam a ocorrer, as perdas de vidas se somam, e, sem falha, denúncias sobre omissões de governantes nesse assunto vêm à tona, tornando tudo ainda mais tenebroso. Inaceitável!
Dos desvios de recurso às alocações de verba para áreas não tão prementes, do negacionismo criminoso de agentes das ideologias extremistas à indiferença de seus representantes no poder, uma rede de malfeitos concorre para a morte de inocentes, a destruição de suas casas e dos equipamentos urbanos, lançando para muitos anos adiante a recuperação das perdas materiais – e para sempre a dor da perda dos entes queridos. Não é mais aceitável que omissões ocorram, tampouco que inimigos da vida continuem a propagar negacionismo e fake news, e ainda menos que personagens infames continuem a “passar boiadas”, a exemplo no conhecido destruidor de biomas que fez parte do “governo” de Jair Bolsonaro.
Somando à população trabalhadora, exigimos a chamada à razão dos inimigos do ambiente, e firmamos nosso apoio à introdução da Educação Ambiental e Climática nos currículos escolares, com seriedade e profundidade, amparada na Ciência e nas experiências de quem vive em cidades e campos sujeitos aos sinistros climáticos nessa era de (ainda mais) incertezas sobre o clima global.
A dinâmica climática é extremamente complexa, e variações de pequena monta em alguma de suas variáveis pode provocar respostas de grande magnitude. Tomemos apenas a variável temperatura, e já temos conhecimento dos fatores que a atingem: desmatamento, desertificação, impermeabilização, mau uso do solo, políticas urbanas paupérrimas, descaso absoluto com a pobreza ambiental. Tudo se soma às variações climáticas naturais, acelerando processos, dinamizando as possíveis destruições de maneira trágica.
Nenhum passo atrás no combate aos inimigos do ambiente e da vida, Educação Ambiental e Climática já! Basta de mortes evitáveis!
Alexsandro Sgobin é professor e diretor de educação do Sinpro Campinas e Região