Morreu na manhã desta quinta-feira (3), aos 78 anos, o jornalista, músico e cronista Zeza Amaral, um dos nomes mais importantes da cultura local. Zeza estava no sítio da família, em Vargem Grande do Sul (SP), quando teve um mal súbito. Seu corpo será transferido para Campinas (SP), onde morava com a esposa. A causa da morte ainda não foi revelada.

Zeza Amaral era um grande amigo do Sinpro Campinas e Região e, entre o final da década de 1970 e início de 1980, esteve ao lado dos professores na luta pela direção da entidade. Em 1981, organizou o “Show da Resistência Democrática”, em apoio à chapa de oposição do Sinpro, que seria responsável por dar início à “fase democrática”, que perdura até os dias atuais. O show, realizado no Centro de Convivência Cultural, recebeu um público superior a 500 pessoas e reuniu os principais artistas locais da época.

Nascido em Atibaia (SP), em 1946, José Antônio Siqueira do Amaral se mudou para Campinas aos três anos de idade. Sua vida como jornalista teve início em 1968, quando foi contratado como repórter cultural pelo Diário do Povo, onde permaneceu por 32 anos (de 1968 a 1984 e de 1996 a 2012). Foi também cronista deste jornal e colaborou com a revista Metrópole. Atuou como jornalista sindical no Sindicato dos Petroleiros de Campinas e de Paulínia de 1984 a 1986. Paralelamente ao ofício de jornalista, dedicou-se de corpo e alma à música. O velório será realizado na sexta-feira (4), das 6h30 às 11h30, no Cemitério do Flamboyant, em Campinas.

Trajetória

Sua vocação musical foi despertada pelas batidas das congadas às quais era levado pela avó paterna. Já aos 14 anos iniciou sua carreira como ritmista do Regional Antônio Carlos Faiz, grupo contratado pela antiga Rádio PRC9 de Campinas, atual Rádio Educadora.

De 1964 a 1969 seguiu como percussionista e vocalista de diversos conjuntos musicais que tocavam em bailes, como The Snacks, The King’s, Guitar’s Boys, conjunto 707 e Phórmula Seis, atuando também como cantor em várias boates de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro.

Nesta mesma época, idealiza e organiza o Congresso Jovem de Música Popular do Brasil – primeiro festival de MPB do interior do Estado de São Paulo – cuja final foi gravada e transmitida pela TV Tupi sob a responsabilidade dos diretores Fernando Faro e Magno Salerno. Posteriormente, viria a trabalhar como assistente de produção na Feira Permanente de MPB daquela emissora.

A partir daí, sua participação como compositor e intérprete em inúmeros festivais de música lhe garantiram diversos prêmios. Foi um dos fundadores da Banda do Brejo, grupo que, em 1970, inicia o movimento do rock rural no Brasil, com quem grava um compacto duplo pela Gravadora Tape Car do Rio de Janeiro.

Em 1974 foi diretor musical das peças de teatro “Morte e Vida Severina” e “Pedro Pedreiro” de Renata Palotini e produzidas pelo Grupo Rotunda de Campinas.

Seu primeiro espetáculo musical denominado “Olho de Prata”, onde atuou como compositor, intérprete e arranjador, aconteceu em 1978 sob a direção geral do jornalista e artista plástico Jota Toledo. O sucesso de público levou-o a outras produções de sua autoria com os espetáculos Verei Raiar, Bocas & Dedos, Bandeiras da Noite, Terra Treme e Orixás, de 1978 a 1990.

Em 1987 ganha o Prêmio Sharp de Música com o LP “Clareia”, com arranjos do maestro Paulo Pugliesi. Com o reconhecimento deste trabalho, destaca-se na mídia através de diversos programas de televisão, como Som Brasil, Perdidos na Noite, Clube do Bolinha e Raul Gil.

Posteridade

Em uma de suas últimas entrevistas, falou à Revista Passagens, da Universidade Federal do Ceará (UFC), sobre ser cronista. “O cronista é o espião da cidade”. Questionado sobre o que merece ser tema de suas crônicas, Zeza exaltou a importância do efêmero: “Um cinzeiro vazio ou sujo. Largado, cheio de bitucas. É uma questão de observar a vida”.

No YouTube, um canal dedicado ao artista e criado para receber todo seu acervo de músicas, crônicas, vídeo crônicas e videoclipes, traduzia o seu atual momento da seguinte forma: “Do seu primeiro disco de vinil Clareia, lançado em 1987, até os dias atuais, Zeza Amaral nunca parou de produzir cultura, seja em forma de música gravando CDs, crônicas escritas publicadas em jornais e até videoclipes.“ O canal elaborado pelos jornalistas e amigos Clayton Roma e Adriano Rosa ficou sendo uma espécie de memoriabilia do artista.

Um CD contendo canções inéditas de Zeza Amaral está sendo finalizado no Estúdio do Sapo, em Valinhos. Com produção do próprio Zeza, o disco conta com a participação de músicos importantes, como Levi Ramiro na viola caipira, Marco Bosco na percussão e o guitarrista do Roberto Carlos, Elias Almeida. O lançamento nas plataformas digitais deve acontecer em breve.

Em nota oficial, a Prefeitura de Campinas lamentou a morte do artista: “Envio meus mais profundos sentimentos de pesar aos seus amigos e familiares. Zeza Amaral é um grande ícone de uma Campinas que valoriza a arte, os amigos e as boas histórias. A partida de alguém querido nunca é positiva, mas espero que possamos encontrar conforto na lembrança dos momentos felizes compartilhados em vida”.

Bruno Ribeiro, com informações do Diário Campineiro (Foto: Adriano Rosa)

 

 

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