Na área de pesquisa pouco se valorizou estudo sobre o ensino. Professores de universidades, principalmente públicas, mostravam não se importar com a pesquisa sobre o ensino. Ocorre atualmente mudança de research (pesquisa) para teaching (ensino).

Wood Jr., ao lado de enfatizar a importância da atividade de professores que marcam a vida dos alunos, aponta outros fatores importantes na formação profissional: orientação geral do curso, organização das disciplinas, definição dos conteúdos, articulação teoria-prática e métodos de ensino e aprendizagem. Alude à resistência de professores em atualizar suas práticas pedagógicas. A formação de profissionais em nível superior é um tema necessário. Discute-se muito a internacionalização das experiências nessa área. Num trabalho de natureza histórica é fundamental não perder de vista que tudo se apoia no tripé fato-periodização-interpretação.

A memória, principal nutriente da história, não se identifica com ela, por trazer à tona apenas o primeiro elemento do tripé, seu suporte fático. A memória dos sujeitos que se recordam dos fatores decisivos na sua formação profissional é fundamental. Através dela se chega, com os aportes temporais e teóricos pertinentes, à história profissional de sujeitos de destaque no meio social em que vivem.

Entendemos que diferentes contextos sociais influenciam as recordações dos profissionais e, pelo resgate histórico, há caminhos alternativos para o trabalho com formação de profissionais. Há necessidade de pesquisas no âmbito da preparação profissional no Brasil, tanto do ponto de vista metodológico quanto do político-educacional. A formação da docência no ensino superior tem sido, nesse âmbito, a mais negligenciada. A profissionalização, conquanto vá além dos muros acadêmicos, dentro destes há de ser feita com competência, o que pressupõe um alargamento de visão sobre o que lhe é específico.

A proposta da educação com e pelo trabalho leva a esse alargamento e desenvolve a consciência social dos nela envolvidos. Isso passa pela compreensão do novo significado do trabalho na sociedade contemporânea e à crítica das pedagogias que transferem apenas ao esforço individual a solução para uma competente profissionalização. Necessário trabalhar numa perspectiva generosa em relação ao ser humano e à sociedade, sem imediatismos. Gramsci sempre alertou para o fato de que a humanidade só se coloca tarefas que pode resolver.

Emmanuel Mounier chamava a atenção para a necessidade de desenvolvermos um tipo especial de paciência, a paciência histórica. Pensamos que a educação só pode ser entendida no contexto das relações sociais de que nasce. E a sociedade não é um tecido homogêneo. É uma arena de conflitos, onde está a educação. Esta se constitui numa das mais importantes mediações das relações sociais.

O reconhecido educador Dermeval Saviani propõe um forte movimento dos educadores para converter os discursos enaltecedores da educação em prática política efetiva, o que objetivamente se traduz na implantação de um verdadeiro sistema nacional de educação que efetive um consistente plano nacional de educação.

É preciso levantar olhares novos sobre o trabalho profissional e sobre os processos de sua formação, abandonando práticas pouco consistentes e metodologias sem qualquer rigor e evitando banalizações que esvaziam os conhecimentos dessa área de sua carga teórico-conceitual.

As abordagens biográficas têm possibilidades heurísticas e podem ser referência para a renovação de se pensar a atividade profissional. A profissão – sua geração e prática – precisa ser verbalizada e contada pelos que nela se destacam para ser compreendida em toda sua complexidade humana e científica. Pelas histórias de vida pode passar a elaboração de novas propostas para a formação de profissionais.
A sabedoria pode revelar-se nessas trajetórias, permitindo-nos partilhar conhecimento e emoção.

Maria Eugênia L.M. Castanho, mestre e doutora em educação pela UNICAMP, professora universitária e membro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas

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