Colega professora, colega professor: em 14 de outubro de 1963 João Goulart assinava o Decreto Federal nº 52.682, instituindo o Dia do Professor no Brasil, e trinta e um anos depois a UNESCO colocava o 5 de outubro como Dia Mundial do Professor. Justas homenagens: a profissão que exercemos é profundamente necessária, e o labor que a constrói é duro. Se juntássemos as histórias que vivemos, quantas narrações teríamos, indo do amargo fel até a mais feliz e luminosa lembrança? Essas muitas experiências e narrativas não se acumulam, mas se enredam e fazem parte do estar professora/estar professor, estado que pensamos merecer, sem dúvidas, o termo que participa dele sempre: intensidade.
E não poderia ser diferente: são seres humanos aprendendo e ensinando uns aos outros, convivendo significativa parte do dia, compartilhando conhecimentos, dores e cores, conflitos, universos, mundos próprios, coletivamente. Nós e nossos alunos e alunas em um território de imensas potências, que invades corpos e mentes, tatuam em nossos corpos cicatrizes de emoções as mais diversas.
Magnífico!
Quão leve, quão pesado pode ser o fardo, e sem anunciar a mudança!
Quão urgente é nosso trabalho no atual mundo que tende para as radicalizações antidemocráticas, modernidade refém de telas, onde dançam discursos aos terabytes, se multiplicam a mentira, o ódio e o ataque ao Outro; de nós se exige que exerçamos o ensino/aprendizagem de nossas especialidades ao mesmo tempo em que com temperança e atenção absoluta, eduquemos para o mundo atual. Não nos cabe fugir dessa tarefa, sob pena de abandonarmos o próprio cerne de nosso trabalho. Educar é conduzir, portanto educamos, e quanto mais exemplo formos para um aluno ou aluna, mais gigantesco e premente será o nosso fazer bem.
Apesar de todas as estradas difíceis que percorremos, colegas, saudemos: aqui estamos, e isso denota coragem, a imensa coragem de persistir na acidentada, mas tantas vezes maravilhosa senda escolhida! Alguns dentre nós já tiveram sob sua atenção centenas e mesmo milhares de alunos e alunas em décadas de trabalho, e poderiam narrar histórias que encheriam um grosso volume; mas o que vai escrito no ser ocuparia um espaço infinitamente mais vasto. E há o indizível, afetos e afetos que repercutem no estar professora/estar professor que foge às palavras e definições, amarra emoções e sentires que permeiam um território de aprendizagem e experiências que nem a poesia, nem o drama poderiam recolher em frases e períodos. É o algo que nos diz para seguir no enfrentamento, em prol da liberdade, da descoberta, da democracia das inteligências, esse ímpeto inclassificável e potente que nos põe em marcha dia após dia, e então diremos, apenas pela busca de uma concreção, que esse ímpeto é político, pessoal, socialmente inspirado…quantas definições poderíamos elencar!
Talvez essa indizível potência seja a maravilha de ensinar e aprender ensinando; talvez aqui estejamos a nos tornar demasiado poéticos, dizendo daquilo que não sabemos ainda definir, exceto por colocações muito pessoais, já que cada mestra e mestre é um universo – e isso já é muito.
E estejam certos, colegas, que nós, dirigentes sindicais do Sinpro-Campinas e Região, vivenciamos com vocês esse ímpeto, pois somos todos profissionais da Educação em atuação ou que já venceram sua carga depois de muitos anos de bravura. Por sermos mestres e mestras como vocês, temos passado por longos caminhos semelhantes.
Por isso saudamos, com vivacidade e espírito alegre esse dia 15 de outubro, conclamando a todas e todos a seguirem a luta, professorando nas salas de aula, nas ruas, nos espaços de discussão, em seu sindicato, em cada liame da existência, declarando abertamente a liberdade de ensinar e aprender, de ser e existir como somos, a democracia, formando em busca da dignidade merecida.
Vivam as mestras e mestres que somos, viva o lume que carregamos, sem temor algum!

Alexsandro Sgobin é professor e diretor de Educação do Sinpro Campinas

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