Um dia após os atos terroristas que depredaram as sedes dos três poderes, em Brasília, o presidente Lula se reuniu no Palácio do Planalto com os governadores da Federação e cobrou unidade na luta contra o extremismo. Na sequência, com Lula puxando a fila, todos os mandatários caminharam de braços dados até o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF), o mais afetado pelo vandalismo da extrema direita, para prestar solidariedade aos ministros.
O fato de que Lula foi preso injustamente em 2018, com o aval do STF, torna seu gesto ainda mais grandioso: impedido pela justiça de ir ao velório de seu irmão e do netinho de 7 anos, falecidos durante seu período de cárcere, o presidente teria todos os motivos do mundo para guardar ressentimentos e desejos de vingança. No entanto, como convém aos verdadeiros patriotas e aos grandes estadistas, ele jamais permitiu que seus sentimentos e julgamentos pessoais fossem colocados acima dos interesses da Nação.
O gesto simbólico de Lula é um contraponto perfeito às cenas de barbárie e destruição geradas pela quadrilha bolsonarista que atacou o coração da democracia no último domingo. De um lado, grupelhos movidos pelo ódio, financiados por empresários golpistas e insuflados pelo discurso antidemocrático do ex-presidente Jair Bolsonaro. Do outro, representantes do povo, democraticamente eleitos, mostrando ao mundo que, apesar das divergências políticas e ideológicas, é possível buscar a união em torno do bem maior: a paz social.
Não é difícil saber qual é o lado certo da História.
Bruno Ribeiro é jornalista e assessor do Sinpro Campinas