É do conhecimento geral a ojeriza que o governo bolsonarista destinava aos setores progressistas da sociedade, e também da hostilidade em relação aos sindicatos de trabalhadores e trabalhadoras; acresce a isso o descaso com a Educação, mais ocupado que estava tal governo em caçar bruxas e perseguir “doutrinações subversivas” nas salas de aula. Bem, o fato é que o desmonte dos sindicatos foi acelerado durante o governo Temer e resultou no fechamento de subsedes, na perda da taxa assistencial, reduções no quadro de trabalhadoras e trabalhadores nas sedes, corte urgente de custos e dificuldades financeiras graves que abalaram, mas não arrefeceram a luta sindical – por mais que tenham tentado aqueles que cerram fileiras em favor do patronato e do lucro desmedido sob a exploração e desvalorização cada vez mais perversa de professoras e professores.
Entretanto, não, colega professora, colega professor, o chamamento para a sindicalização não é apenas para alimentar recursos financeiros (que eram repasses garantidos por lei desde muito tempo, e foram retirados com uma canetada): há algo muitíssimo mais importante, e que requer a atenção do Sinpro e de quantos sindicatos sérios e de luta houverem, e se trata da tarefa educativa do sindicalismo, política e pedagógica ao mesmo tempo, aliada à consciência de classe docente, principal ferramenta de enfrentamento aos desmandos dos quais são vítimas todas as educadoras e educadores no país, em maior ou menor grau.
É imperativo reconhecer esses desmandos, apesar dos discursos “norteadores” que abundam nas mídias (“meritocracia”, “vestir a camisa do lugar como prêmio pessoal e de crescimento do indivíduo”, e tantos outros), ter plena clareza da desvalorização da nossa profissão e de quais artimanhas se serve o patronato com suas ligações políticas para articular essa desvalorização; conhecer direitos (pois nossos deveres nos são lembrados a cada instante), compreender o funcionamento da máquina de exploração a qual somos inevitavelmente submetidos, apreender as conjunturas políticas, sociais e culturais dentro das quais a escola vive, saber fazer o enfrentamento pela conquista e reconquista de direitos trabalhistas, por respeito e valorização docente.
É dever do sindicato prover a discussão sobre esses aprendizados, aprendendo, também, com o corpo docente que representa; atuar de forma a estender ao máximo o conhecimento sobre a imensa e complexa área do magistério, formar trabalhadoras e trabalhadores prontos para o bom combate, alicerçados na lei, capazes de mapear e entender com visão clara o terreno acidentado no qual vivem, e alguns, sobrevivem: o mundo da escola.
Finalmente, cara professora, caro professor, o sindicato é a instância principal a proteger trabalhadoras e trabalhadores, e assim segue não obstante os golpes perversos recebidos nos últimos anos; tais golpes, que poderiam minar muitas outras instituições, não derrubaram o sindicalismo, que segue em luta, com erros e acertos, como é humano, mas na direção firme da proteção, valorização e em sua pedagogia política em busca da consciência plena de classes e da defesa intransigente do valor de seus representados e da democracia.
Una-se, traga seus conhecimentos, forme ao lado da luta por direitos e valorização, JUNTE-SE AO SINPRO!
Alexsandro Sgobin é professor e membro da diretoria do Sinpro Campinas e Região