Passou-se mais um 1º de Maio, a data das trabalhadoras e dos trabalhadores, dia que sintetiza periodicamente as lutas diárias pela manutenção de direitos arduamente conseguidos e nos lembra a longa e heroica história dos embates dos assalariados contra as injustiças e a exploração que lhes são impingidas.
Ainda hoje fábricas, ruas, praças pelo mundo ecoam marchas, greves e combates tingidos muitas vezes pelo sangue de operários, camponeses e, entre muitas outras classes trabalhadoras, professoras e professores que exigiam apenas os direitos mínimos condizentes com a dignidade de seres humanos.
Mais especificamente no caso de nosso arcabouço, a Educação, muito foi conseguido com imensa luta e engajamento sobre-humano de incontáveis vozes que se ergueram contra os ataques que reiteradamente sofremos.
Colegas de profissão, o 1º de Maio é de comemoração das conquistas havidas, mas também de reivindicações que não podem admitir recuos, pois que a diminuição ou mesmo destruição de direitos trabalhistas é constante e muitas vezes perversamente acelerada (é preciso relembrar os tenebrosos anos 2019-2022); não há 1º de Maio sem luta, e não poderá haver, uma vez que sob o sistema capitalista financeiro atual a derrubada de direitos trabalhistas e o rebaixamento de salários é estrutural, quer dizer, faz parte dos alicerces de tal sistema.
Assim sendo, não sejamos ingênuos, nem deixemos de dizer, sem pejo: é preciso fazer escolhas. Se lhe causa indignação a retirada de direitos; se a carga exaustiva de trabalho a que somos submetidos inúmeras vezes é tratada com o desdém ou omissão patronal e política; se os baixos salários da Educação lhe obrigam a lecionar em três ou mais escolas, em uma jornada que fatalmente lhe adoecerá corpo e mente; se o desrespeito à nossa categoria profissional sabe-lhe ao amargor e ao desânimo vez ou outra, então é preciso fazer escolhas: lutar, ou omitir-se.
Ocorre, cara professora, caro professor, irmãos de luta, que a omissão faz vencer o opressor. Ainda cabe lembrar que há quem escolha formar ao lado do opressor. Respeitando a liberdade de escolhas – disso não se duvide, colega! -, ainda assim nos sentimos premidos a indagar: colegas, se se escolhe querer saber o porquê das muitas dificuldades que sofremos em sala de aula, em uma coordenação, no ambiente escolar; se optamos por querer mais dignidade em nosso mister basilar para qualquer sociedade que se quer civilizada e próspera, então, colegas, não resta senão formar ao lado dos que lutam por pela respeitabilidade que a nós cabe como educadores.
Os desmandos, as injustiças, as perseguições aos docentes progressistas, a ingerência de quem pouco ou nada sabe de educação, junto a tudo quanto mencionamos nestas linhas, quem será capaz de dizer que tudo se resolverá sem luta, apenas pela boa vontade dos governantes, ou pela “sapiência” dos megaempresários da educação privada e dos influenciadores? Quem ousaria dizê-lo?
Nesse sentido, se assim lhe sugere a consciência e o espírito que aspira à dignidade respeitada, venha, colega; junte-se ao seu sindicato, ajude-nos a erigir solidamente (a cada dia! A luta é contínua!) esse respeito devido a nossas obras, a justa paga de nosso labor e a construção de um edifício perene que venha a atrair os jovens para nossa profissão num futuro próximo, cientes e confiantes no respeito que receberão da sociedade, certos da justa paga de seus esforços, sem dúvidas quanto ao espírito científico e humanista da escola e tendo suas vozes ouvidas em primeiro lugar quando se menciona a palavra educação.
Tudo isso ainda repousa nas aspirações, e requer luta que será intensa, fera, profundamente humana, e por isso mesmo, uma luta justa. Qual é a sua escolha, colega educadora, colega educador?
Alexsandro Sgobin é professor e diretor do Sinpro Campinas e Região