Colega professora, colega professor: não se pode ser sindicalista sem indagar a si mesmo, constantemente, sobre quais são os limites do sindicalismo e sem que se tenha medo de perguntar: no atual período histórico, os sindicatos ainda são relevantes? Trata-se de uma autocrítica que todo sindicato deve fazer, sob pena de desatualização, ou mesmo ruína.

Assim, digamos logo de início: sim, o sindicato é mais necessário que nunca!

Apontemos, para justificar nossa afirmação, alguns fatores que exigiram luta constante e acirrada do Sinpro Campinas e Região como exemplo, e decidirá o colega de profissão sobre a justeza do que queremos dizer.

A história da Educação no Brasil é longa e muito rica de sucessos, mas também de fracassos e tentativas dos mais variados matizes, boas ou más, portanto é preciso um recorte temporal, e o nosso se dá de 2016 aos dias de hoje. Recordemos a situação que foi construída a bel-prazer por certos agentes e à revelia das necessidades urgentes dos docentes nesse país, nada menos que a invasão ultraliberal a toque de caixa no governo Michel Temer, filho de um golpe que por muito pouco nos custaria a democracia anos depois.

Caros colegas: árdua foi a luta dos sindicatos para sobreviver e atuar, dado o desmonte brutal que tal governo procurou operar para suprimir a tudo quanto lutasse em prol das trabalhadoras e trabalhadores, e não poucos sucumbiram; mas nos maus momentos também se tempera o ânimo, e o sindicalismo seguiu, rosto desprotegido contra a tormenta, sem recuar. E em quais batalhas ele se bateu?

Não é incomum que muitos profissionais de uma base tenham dúvidas sobre a atuação de um sindicato além de seus convênios, assuntos jurídicos, colônias e atendimento direto aos trabalhadores; pois bem, existe muito mais, abaixo, acima e aos lados desses fatores, e boa tarde se concentra na luta política, nos níveis regional, estadual e nacional. Essa luta política garantiu que direitos arduamente conquistados na história da educação no Brasil não fossem perdidos, negados ou simplesmente extintos pela ofensiva contra os trabalhadores que se acirra em 2016 e tem um auge perverso no governo (?) Bolsonaro (recordemos que foi extinto o próprio Ministério do Trabalho!), tendo havido o risco muito real de perder-se o 13º, as férias de trinta dias corridos, licenças, liberdade de cátedra, carteira assinada, PLR´s, aumento salarial justo, estabilidades específicas; a licença-maternidade foi posta em discussão; a saúde do docente foi escamoteada como assunto de pouca importância; a substituição do docente por “pacotes educacionais”, por computadores ou indivíduos de “notório saber” entraram na pauta desumana de governantes.

Sob essa ofensiva, que ainda continua, com seus tentáculos tateando e agarrando, a quem procurar senão seu sindicato? Demandassem os colegas de profissão o Ministério do Trabalho à época citada, e eis que encontrariam apenas suas ruínas! A quem fazer uma denúncia? A qual endereço se dirigir em meio ao vendaval repleto de sujidades? Infelizmente, muitos se deixaram enganar pelos discursos de “facilidades” e “empregos sobrando” com o possível fim da CLT, mas seu sindicato não se deixou enganar, disso podem nossas mestras e mestres ficarem certos e tranquilos; nos direitos que o “mercado” não logrou destruir, estão marcados fundamente o nome dos sindicatos, bem como de movimentos sociais, docentes progressistas, de inúmeras vozes que se ergueram sem medo contra o moloch do lucro e da superexploração.

Aqui estamos, e aqui estaremos sempre, professoras e professores, pois a luta sindical vela por seus direitos, ameaçados a todo instante pela voracidade do lucro!

Oitenta anos de embates não se deixam esmorecer por aventuras políticas desastrosas, nem ataques daqueles que da educação nada sabem, exceto odiá-la por seu poder emancipador!

Forme conosco! Sindicalize-se!

Alexsandro Sgobin é professor e diretor do Sinpro Campinas e Região

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