O 11º Congresso do Sinpro Campinas e Região – Parte I

Parte I

Colegas professoras e professores, no dia 19 de agosto próximo ocorrerá o 11º Congresso do Sindicato dos Professores e Professoras, na modalidade virtual, e com atividades cobrindo a manhã e à tarde, com discussões, debates, música e análise das conquistas e problemas que perpassam a nossa profissão.

É um Congresso importante, pois apresentará encaminhamentos, sugestões e críticas para os próximos anos do seu sindicato; mas essa constatação não explica satisfatoriamente a importância da presença da base, significado primeiro e último da existência de um sindicato. Para tentar pôr às claras essa importância, voltemos aos anos anteriores, com uma caminhada.

Que vemos? Passando por 2016, primeiro nos chama a atenção um golpe branco que destituiu uma presidente legitimamente eleita, abrindo caminho para uma troca de poderes e ascensão ainda mais forte de interesses pouco claros, e que afinal se revelaram escusos, bem como a uma “abertura” de caráter ultraliberal que viria causar estragos à economia brasileira e atingir sem rodeios trabalhadoras e trabalhadores. Coube aí a reforma trabalhista, que minou direitos históricos arduamente conseguidos, sob a desculpa de facilitar contratações (e reduzir a carteira de trabalho, antes de sua perseguida extinção, a um mero contrato “amigável” com o patrão!); salários mantidos rebaixados, privatizações, apostas agressivas no chamado “empreendedorismo” (sem apoio, sem direitos, sem verbas de auxílio, sem férias…) e na farsa da meritocracia; aumento abusivo de tarifas de energia, água, combustíveis e alimentos, e nenhum aceno justo em sua direção, colega.

No bojo desta situação veio o fim da taxa assistencial, com a clara intenção de destruir os sindicatos (e muitos, de fato, não resistiram e fecharam subsedes, tiveram de dispensar seus funcionários, perderam sedes) e finar uma das poucas instituições que protegiam os docentes no período em que caminhamos.

Avancemos: em 2018 se opera a prisão de Luís Inácio Lula da Silva, sob um processo de lawfare destinado a tirar do jogo político um candidato progressista, e resultando na sombria subida ao poder do mais improvável e despreparado, sob todos os aspectos, dos aspirantes: Jair Bolsonaro. Eis que os planos rapidamente construídos no governo Temer são acelerados, constando da destruição de mais direitos trabalhistas, do fim do Ministério do Trabalho, numa perseguição aos professores e professoras considerados “doutrinadores” por simplesmente dizer a verdade, no sucateamento da Educação sob o miasma do obscurantismo, na da incapacidade intelectual orgulhosa dos próprios absurdos e no fanatismo religioso.

Dizer, em sala de aula, “a Terra, um geóide, gira ao redor do Sol!”, pasmem, colegas, passa a ser verdadeiro ato de coragem em não poucas situações!

Em meio a tal situação, em 2019 viremos grassar uma pandemia, e todos sabemos as imensas dificuldades passadas em aulas on line, a saúde dos docentes tolhida pelo aumento exponencial da pressão e da quantidade de trabalho, os inúmeros prejuízos causados pela superexploração de escolas e redes de ensino, que provam a si mesmos que o ensino remoto traz lucros astronômicos…à custa do docente.

Continuemos a caminhada: é 2021, vemos os escombros da incompetência, da perversidade e da sanha do ultraliberalismo irmanado com uma ideologia reacionária digna do Malleus Maleficarum em negociatas, no isolamento do país, nos milhares de mortos da Covid-19; professores são vigiados e considerados um risco, muitos perdem os empregos falsamente acusados de “doutrinar” alunos (e a semelhança com regimes específicos da Itália e Alemanha da década de 30 não é uma coincidência!), nossa profissão é vilipendiada (ainda mais!) por néscios absolutos ostentando bandeiras “moralizantes”.

Nossos colegas adoecem, nós adoecemos. E, como remédio, recebemos ameaças.

Pois bem: sobre ruínas e esperanças, o Sinpro avançou aí sem recuos, caros colegas, disso pode estar certa toda a gente.

Continua…

Alexsandro Sgobin é professor e membro da diretoria do Sinpro Campinas e Região

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