Das condições de trabalho do docente

Colegas, nem sempre damos a devida atenção aos aspectos físicos das salas de aula aonde trabalhamos, afinal, as lides de professoras e professores são muitas, e o tempo quase sempre se torna vilão. Mas, com aspectos físicos queremos dizer daqueles relativos ao conforto, som, temperatura, ergonomia; mas, cabe perguntar, antes de aprofundar algumas dessas características citadas, o porquê de muitas vezes relevarmos ou de ser relevada essa questão arquitetônica[1]. Na primeira pergunta podemos dizer que as salas de aulas são locais por onde passamos e estaremos temporariamente, logo, numa sala de aula de alguma forma insalubre, as dificuldades de certa forma cessarão quando dela sairmos; no segundo caso trata-se de uma falha da Direção, ou dos responsáveis por gerenciar (inclusive) os espaços físicos da escola (no caso de escolas estaduais, por exemplo, bem sabemos quais são os “impedimentos” que surgem para distribuição de verbas de manutenção!).

Pois bem: o espaço de aula é temporário, mas, a depender das condições desse espaço, as consequências de alguns problemas podem não o ser.

Citemos apenas alguns problemas relativos ao estado de salas de aula:

– o SOM. Um dos elementos que mais causam transtornos fonoaudiológicos aos docentes, uma sala de aula com má acústica pode forçar ao aumento da voz por longos períodos, podendo causar os conhecidos nódulos nas cordas vocais (chamados mais comumente “calos”), que em casos mais sérios pode necessitar de cirurgia. Naturalmente, ainda que a acústica da sala seja boa, ainda pode haver o problema de muitos estudantes na sala, obrigando o docente a aumentar sobremaneira o volume da voz. Se no segundo caso pode-se exigir o silêncio, no primeiro seria preciso soluções técnicas ou mesmo reformas para minorar ou resolver o mal. Podem-se haver também salas grandes, com reverberação de som, o que dificulta a audição e compreensão do que é falado

– o ESPAÇO VAZIO. Se uma sala de aula for pequena para n número de alunos e alunas, então teremos dificuldades. O esforço de pessoas se locomoverem em uma sala de aulas abarrotada pode causar irritação, obviamente, além de sentimentos de ansiedade serem possíveis. É um mau espaço; o trabalho será afetado em maior ou menor grau, conforme as sensações individuais, o estado físico/mental do docente e dos estudantes, a temperatura no local, etc..

– DECORAÇÃO E CORES. Pensemos em uma sala de aulas totalmente pintada de cores neutras, com poucas ou nenhuma decoração, além de alguns cartazes, avisos, desenhos de alunos: sabe a hospital semelhante montagem, essa funcionalidade nervosa, sem brilho, ascética; ela grita “estudar! Somente estudar, sem distrações, sem olhares outros, sem colorismos!”. Por quais motivos realmente sérios uma sala de aula deveria se parecer com um quarto de adoentados, sem brincadeira e sem vida? Por mais que pensemos, não encontramos resposta que nos convença.

– ERGONOMIA DOS MÓVEIS. Não é segredo que carteiras escolares, cadeiras e mesas nem sempre são exatamente confortáveis; para isso concorrem os custos de móveis, portanto, a solução aqui é muito mais difícil. Porém, deve-se ter sempre em mente que docentes ou estudantes com problemas ósseos, musculares, ou dores crônicas sofrerão nas horas em que permanecem utilizando móveis pouco confortáveis. Ainda que correções de postura possam minorar muito os problemas, vez ou outra sentiremos o rigor do material mais barato…

Elencamos apenas alguns tópicos que podem trazer malefícios à saúde do docente (e de estudantes); outros poderiam ser citados, mas nossa intenção é chamar a atenção para as condições de trabalho cotidiano no magistério, e principalmente, afirmar novamente: a salubridade no ambiente de trabalho é um direito, colegas!

                Se observa que seu ambiente laboral não respeita a saúde dos que passam por ele, colega, é seu direito reclamar melhores condições com mantenedores, diretores, responsáveis.

E caso seja necessária uma intervenção, não se esqueça: o Sinpro está aqui!!

[1] Sim, uma vez que a Arquitetura trabalha muito com o espaço, cujas formas podem dar a sensação de segurança, conforto, acolhimento, ou percepções claustrofóbicas, de pequenez, ansiedade, conforme suas linhas e o espaço que as preenche.

Alexsandro Sgobin é professor e diretor do Sinpro Campinas e Região

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