Lutar pela liberdade de produção do conhecimento e pelo fomento nas Universidades Públicas

Pelos resultados atuais do RUF (Ranking Universitário Folha), Unicamp e USP mantém-se na liderança, seguidas por Universidades Federais e particulares confessionais, e, ainda que politicamente devamos olhar com atenção qualquer pesquisa de setores da grande mídia, nada diz que tal resultado não seja real, dada a já conhecida qualidade das instituições.

Mas é no caso de Universidades Públicas que queremos nos concentrar, elas que produzem boa parte da pesquisa científica brasileira e preparam profissionais que atuarão, espera-se, de maneira condizente com a boa formação que tiveram. Infelizmente, a manutenção dessas Universidades segue atrelada a investimentos privados e de governos das esferas estadual e federal, que por sua vez são, respectivamente, movidos pela ânsia do lucro e por políticas nem sempre amigas da Ciência e Tecnologia: tivemos péssimos exemplos na gestão de Jair Bolsonaro, em que ideologias canhestras sobrepuseram-se com folga aos interesses científicos, diminuindo verbas, obrando ataques alucinados contra professores e cientistas, travando verdadeira guerra contra o conhecimento usando as armas da mais deletéria ignorância e estupidez fundamentalista.

Ora, passado o governo de matiz teocrático do citado ex-presidente, abrem-se portas alvissareiras com a eleição de Luís Inácio Lula da Silva, e respira-se ares mais limpos nos corredores de departamentos e salas de aula do Ensino Superior, ao menos nos territórios acadêmicos mais progressistas e preocupados com a disseminação do conhecimento de escol. Contudo, é preciso atenção redobrada: as nuances políticas e os acordos por governabilidade impõe terrenos extremamente escorregadios para o atual governo federal, e ingênuo seria aquele que julgasse vencido a peste fascista no país. Em verdade, ela se agita, tomando ares de “oposição política” (mas, sob essa pele que se quer “democrática”, há o tecido gangrenoso, reacionário, icor da necropolítica) e avultando-se nas Câmaras, no Senado, em inúmeros grupos organizados pelo país. Sua força é grande, não neguemos, e suas bases solidamente fincadas no cimento do fundamentalismo religioso. A essas forças não interessa a Ciência nem a discussão sadia, mas o arrivismo, a pseudociência, as crenças e dogmas, uma volta a um “passado glorioso” que só pode existir dentro das mentes incrivelmente rasas que regurgitam fantasias muito longe de serem sãs.

É portanto obrigatório que politicamente continuemos formados para combater qualquer ingerência nas Universidades Públicas e privadas bem avaliadas que venham a atacar os direitos de liberdade de cátedra, o espírito acadêmico que deve ser democrático e plural, bem como estarmos atentos a atuação do governo atual na liberação de verbas e financiamentos, apoio e reestruturações, não admitindo menos que a possibilidade dessas Universidades serem contributos reais do progresso científico, tecnológico, social e cultural.

A hidra gestada sob os pés do Duce da Itália espalhou seus filhotes no Brasil há muito, e estes são bem alimentados por parcelas da sociedade, seja oculta, seja escancaradamente conforme o período histórico-político; ora, suas múltiplas cabeças devem ser cortadas presto, uma vez que o menor vacilo pode resultar em catástrofes, como já deveríamos, todas e todos, saber.

À luta!

Alexsandro Sgobin é professor diretor do Sinpro Campinas e Região

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