O desnecessário Nikolas Ferreira

Por mais que a classe dos profissionais da educação tenha sofrido ataques e desprezo do “governo” Bolsonaro, claro está que os dissabores e desarrazoados estão longe de terminar: a eleição do deputado Nikolas Ferreira para a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados nos parece uma anedota, e das péssimas. O senhor Nikolas, bem conhecido pelos escândalos, atitudes e falas grotescas, gordofóbicas e transfóbicas, além de ter sido defensor da Covid (afinal, como chamaríamos alguém que ataca a vacinação em plena pandemia?), já deu claras demonstrações da pequenez de suas ideias sobre educação, ciência e democracia. Arrivista que encampa teorias conspiratórias, pseudociência, ideologia de extrema-direita em suas narrativas, o pequeno (e esteja claro que a pequenez, aqui, se refere a visão de mundo do referido deputado) Nikolas agita, grita, teatraliza (e que mau teatro!) e pouco entrega de útil a sociedade – exceto aos delirantes fãs da seita bolsonarista, cujas opiniões são, no mínimo, altamente discutíveis.

E eis que, surpresa!, o Nikolas da peruca assume uma comissão das mais urgentes e importantes desse país, prometendo agir “sem histerismos”…

Vemos aí um problema maior que nosso pequeno deputado: é comum no Brasil que pessoas sem a menor formação, experiência ou estudo em educação se ponham a opinar com fundamentos rasos, pré-conceitos, pseudociência, ideologias canhestras, espalhando “sugestões” e mesmo ordenando (quê??) mudanças a uma classe de profissionais qualificados (nós), como se devêssemos aprender nosso ofício ouvindo a qualquer teoria, por absurda e tétrica que possa ser.

Não só temos milhões de técnicos de futebol, mas também milhões de “especialistas” em sala de aula e espaços de aprendizagem!…

Pois dizemos BASTA a essa ingerência em nosso mister: opiniões, projetos e pensamentos qualificados, com fundamentos sérios, devem ser trazidos à mesa e ouvidos e lidos com parcimônia e atenção, juntos que estamos, profissionais, governo, movimentos sociais, sociedade, nessa luta por uma educação laica, gratuita e de qualidade no Brasil; já os arrazoados dignos de serem postos em latas de lixo, ou os discursos antidemocráticos, portanto, com viés criminoso, devem ser desmontados, exposto seu esqueleto apodrecido, desarticulados sem o menor titubeio: à liberdade de expressão não se acopla, como pensam os “conservadores” de extrema-direita como o senhor Nikolas, o direito de atacar a democracia, a ciência, de espalhar mentiras, de querer reduzir a escola a uma fábrica de ignorantes e extremistas.

A caminhada do deputado da peruca loira será pedregosa! Nem um centímetro de recuo na luta contra o extremismo, a violência e a estupidez, tornadas “virtude” pelas tropas do extremismo neofascista!!

Alexsandro Sgobin é professor e diretor do Sinpro Campinas e Região

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