No dia 21 de agosto, alunos e professores de uma unidade do grupo Maple Bear, localizada no Taquaral, em Campinas, foram surpreendidos pelo anúncio do fechamento da instituição. Sem aviso prévio e em comunicado enviado por e-mail, a escola particular informou que as atividades estavam suspensas “por razões fora de nosso controle”.
Em nota posterior, a direção da Maple Bear alegou que o descredenciamento da unidade se deu “pela insolvência total, ou seja, quebra do franqueado que já não tinha mais condições financeiras de manter a escola”. Segundo a instituição de ensino, caberia ao franqueado – o Centro Cultural Brasil Estados Unidos – “garantir assistência aos colaboradores e proceder, dentro da lei, com lisura, ética e transparência.”
Uma audiência de mediação realizada no dia 29 de agosto na sede do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Campinas, da qual participou o Sinpro Campinas e Região, resultou em um acordo para que os professores e demais funcionários da escola pudessem, ao menos, ser realocados em outras unidades da Maple Bear, conforme disponibilidade de vagas das respectivas unidades.
“A medida visa apenas não causar um mal maior aos docentes, que estão totalmente desamparados nesse momento. Mas o problema maior é a descontinuidade do trabalho que vinha sendo desenvolvido há anos e que foi interrompido de forma abrupta, sem que professoras e sindicatos fossem ouvidos”, disse Conceição Fornasari, presidente do Sinpro Campinas.
Na semana passada, um grupo de professoras da unidade Taquaral da Maple Bear se reuniu com diretores do Sindicato para expor suas queixas e preocupações em relação ao ocorrido. A pedido delas, seus nomes não serão divulgados.
Foi unânime, no grupo, a opinião de que o descredenciamento da unidade Taquaral, antes de representar um problema de ordem financeira aos trabalhadores, significa um “prejuízo de ordem emocional e pedagógica”, uma vez que envolve a vida de 195 alunos e cerca de 100 funcionários, dentre os quais 20 professores.
“Uma escola é um organismo vivo, funciona como uma orquestra, onde cada célula tem sua importância e seu papel na harmonia do todo: professores, funcionários, alunos, pais de alunos… A relação não era estritamente profissional. Antes de tudo havia uma relação pessoal entre nós e ela foi interrompida como se fosse possível começar do zero em outra unidade”, disse uma das docentes.
“Perdemos colegas e alunos que foram pulverizados em outras unidades”, lamentou outra. “As crianças estão muito tristes e nós acompanhamos a tristeza delas, porque éramos como uma família. Muito do trabalho que desenvolvi ao longo dos últimos anos foi pensado para aquela turma e isso agora foi perdido”, disse.
Uma terceira professora comentou que a “sensação de pertencimento” era o que fazia a unidade Taquaral ser uma referência de qualidade na educação oferecida. “A gente pode se realocar para manter o emprego, mas o vínculo com aquela comunidade e a aplicação da metodologia serão completamente diferentes. A educação plena é algo que se constrói com o tempo e com a convivência”, defendeu.
Ela revelou ainda que muitos pais de alunos estão em contato com as professoras para tentar encontrar uma solução que possa manter os alunos da unidade extinta sob a responsabilidade delas, ainda que em outro espaço físico. “Nossa preocupação é preservar o que construímos coletivamente. A interrupção do trabalho e o rompimento da relação de confiança poderão causar prejuízos pedagógicos e emocionais aos nossos alunos”, afirmou.
O Sinpro Campinas e Região se solidariza com as professoras e ressalta a importância da não interrupção de todo e qualquer trabalho pedagógico em curso.
Bruno Ribeiro, para o Sinpro Campinas. (Foto: Luciano Claudino/Código19)