Por Nino Fonseca, sindicalista, professor, músico e ativista cultural

O declínio do movimento sindical é um fato. Não só no Brasil, mas no mundo, os sindicatos vivem notória crise de representatividade e dificuldade de mobilização. Isso pode estar ligado a fatores como mudanças na legislação trabalhista, mudanças econômicas e o processo de globalização. Eu poderia mencionar como o enfraquecimento das proteções trabalhistas e a evolução das relações de trabalho causaram uma perda de poder sindical. A tecnologia e o afastamento das formas tradicionais de sindicalismo também desempenham um papel nisso.

Entretanto, a cultura e a comunicação oferecem caminhos promissores para um novo ciclo de fortalecimento sindical. A integração de estratégias comunicacionais modernas — que inclui o uso das redes sociais, mídias digitais e a promoção de eventos culturais que dialoguem com todos os setores da categoria — pode resgatar a conexão dos sindicatos com suas bases. É tudo uma questão de adaptação à era da Internet, em que a velocidade com que as informações circulam, somada à ansiedade coletiva gerada pela onipresença dos aparelhos eletrônicos, exige não apenas o domínio dos novos meios de comunicação, mas também uma nova forma de se comunicar com os trabalhadores, cujos anseios, interesses e percepções do mundo não são os mesmos das décadas de 70, 80 ou 90.

Em um mundo cada vez mais conectado, o uso de mídias sociais e digitais pode ajudar a reengajar os trabalhadores. Aliada à cultura popular, que está presente na vida de quase todas as pessoas, ainda que por meio de memórias afetivas, tal prática vem sendo adotada até mesmo por empresas privadas. Por que os sindicatos têm tanta dificuldade de abrir mão de fórmulas já superadas, que não comunicam mais com a eficácia do passado? Esta é uma pergunta que devemos fazer sempre.

Promover eventos culturais e disseminar informações por meio de narrativas que ressoem com a vida cotidiana dos trabalhadores pode remodelar a imagem dos sindicatos perante a categoria e, assim, atrair associados de modo espontâneo. Mas esta deve ser uma ação permanente, pois a substituição de uma imagem desgastada por outra, mais condizente com o ethos da sociedade contemporânea, demanda tempo, disciplina e paciência. Ao se alinharem às demandas atuais, os sindicatos podem se tornar mais relevantes e conectados às necessidades vigentes da força de trabalho. Essa abordagem, com foco na comunicação e na cultura, pode ser crucial para revitalizar o movimento. Elas são ferramentas essenciais para a modernização do sindicalismo.

Em suma, integrar estratégias de comunicação e cultura popular pode redefinir a imagem dos sindicatos, aproximando-os dos trabalhadores e resgatando a essência de sua luta por direitos. Ao promover eventos culturais e usar plataformas digitais para informar e mobilizar, os sindicatos estarão dando um passo importante para retomar a sua credibilidade e influência. Portanto, investir na cultura e melhorar as práticas de comunicação torna-se um pilar estratégico na construção de um movimento sindical renovado e pronto para enfrentar os desafios do século XXI.

 

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