
Com duas assembleias históricas, uma presencial na sede do Sinpro-Campinas e Região e outra online no 22 de março último, na qual se aprovou deflagração de greve com ampla maioria de votos a favor, professoras e professores do Sesi dão importantíssimo passo em demanda de dignas condições de trabalho e respeito ao seu ofício, solicitações que em quatro meses de duras negociações não foram atendidas. Mas, não só se dirige a importância dessa mobilização a rede Sesi e Senai, mas a todas e todos que professoram nas escolas, Universidades e redes particulares, nas quais direitos adquiridos são constantemente postos em risco e condições de trabalho sadias costumam ficar ao arrepio dos interesses do patronato.
Colegas! Chegamos, lamentavelmente, a situações em que os limites do suportável foram ultrapassados a muito em inúmeras instituições de ensino, com a saúde dos docentes deteriorada em face do acúmulo de trabalho, das exigências, de assédio; salários achatados, exigindo exaustivas negociações a cada ano, para ao menos se obter um aumento real sobre a inflação, manter benefícios como bolsas, vale alimentação/refeição/cesta básica decentemente valorados, recessos, condições estruturais razoáveis em salas e espaços de aprendizagem, licenças; exigimos a valorização de nosso ofício, o que é um mínimo.
Não demandamos céus e terra, mas condições humanamente dignas de trabalho, e elas nos são negadas aqui e ali sob os interesses sórdidos do capital e do lucro, horizonte principal de grandes conglomerados educacionais que vão tomando imenso poder no país e reduzindo docentes a meras peças de uma engrenagem que em quase nada os beneficia, muito pelo contrário. Não bastasse tais vilipêndios, ainda há os covardes ataques sofridos por nós de uma parcela “conservadora” da população e da classe política, aonde néscios faltos de um saber que chegue sequer ao básico se dispõe a perseguir, vigiar, difamar e oprimir qualquer docente que queira exercer seu trabalho atendendo aos pilares democráticos, pluralistas e apoiado no conhecimento científico.
Colegas, por isso, valoroso exemplo nos dão os docentes do Sesi e Senai mobilizando-se, vencendo o medo e as ameaças, avançando sem recuos em busca de dignidade e respeito, de direitos! Sabe muito bem o patronato que sem seus mestras e mestres uma instituição de ensino nada tem e nada é, mas parece que devemos lembrar a nós mesmos disso a todo instante – pasmem!
Somos muitas e muitos, somos pilar de sociedades, o que tememos perder estão a nos tentar tirar com sanha e gosto desde muito tempo. E o medo, que é bastante diferente da temperança (afinal, não somos aventureiros), paralisa, encolhe vontades, espalha a resignação que se torna nosso próprio carrasco. Não temamos! Avancemos, o que queremos é simplesmente justo!
Juntemo-nos, conheça seus direitos, visite seu sindicato, sindicalize-se; forme conosco! Nossas lutas têm razão!
Alexsandro Sgobin é professor e diretor de Educação do Sinpro Campinas e Região