A política de inclusão do SESI, frequentemente divulgada como exemplo, falha na prática. É o que denunciam professoras de uma unidade do grupo SESI-SP, em relatos enviados ao Sindicato. Seus nomes serão mantidos em sigilo nesta matéria, para evitar eventual retaliação por parte da direção da escola.

Segundo uma das docentes entrevistadas, um aluno surdo da Educação de Jovens e Adultos (EJA) quase reprovou na primeira etapa do curso devido à falta de um intérprete de Libras, essencial para seu aprendizado. O estudante, matriculado desde maio de 2024 no curso integrado SESI/SENAI, não é fluente em língua portuguesa e depende da Língua Brasileira de Sinais (Libras) para compreender o conteúdo. No entanto, as aulas na modalidade EAD não foram adaptadas às suas necessidades, deixando-o sem acesso adequado ao ensino. “Nós havíamos alertado a escola sobre a situação, mas não tivemos resposta efetiva. Ele corre sério risco de reprovar e não conseguir concluir o curso”, disse.

Uma segunda docente afirmou que o grupo SESI dispõe, pelo menos no papel, de professor facilitador de educação inclusiva, cuidador escolar e professor de educação personalizada para surdos, mas que isso não significa disponibilidade imediata a quem precisa. “O que preocupa é a demora para que esses acessos cheguem aos alunos. Às vezes, o SESI disponibiliza estagiários para cumprir estas funções. Apesar de serem dedicados, estagiários não têm formação para cuidar de casos específicos”, informou.

Atualmente, o estudante surdo, conforme a professora, está sendo assistido adequadamente na unidade em que ela trabalha. Esta, porém, não parece ser a realidade nas demais escolas do SESI-SP. “O tempo que o aluno perdeu sem atendimento, não volta mais. A morosidade em certas situações é extremamente prejudicial ao desempenho escolar desses jovens”, disse.

Inclusão só no papel?

O caso expõe uma contradição na rede SESI, que promete educação inclusiva, mas não garante estrutura básica para alunos com necessidades educacionais específicas. Ou, pelo menos, não com a rapidez e eficiência esperadas.

A política de educação inclusiva foi uma conquista do Sindicato, em negociação com o SESI a partir de demanda dos próprios professores. “O Sinpro reforça a importância da fiscalização e da pressão da categoria por políticas que garantam, de fato, o direito à educação para todos. Estamos acompanhando o caso de perto e cobraremos soluções para o problema”, afirmou Conceição Fornasari, presidente do Sinpro Campinas e Região.

Foto: Getty Images

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