O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu 48 horas para a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) explicar os trechos do relatório da Polícia Federal que indicam possíveis descumprimentos de medidas cautelares e o risco de fuga do país.

“Diante de todo o exposto, intime-se a Defesa de Jair Messias Bolsonaro para que, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, preste esclarecimentos sobre os reiterados descumprimentos das medidas cautelares impostas, a reiteração das condutas ilícitas e a existência de comprovado risco de fuga”, diz o despacho.

Relatórios da Polícia Federal apontam que o ex-presidente tinha em seu celular uma carta com pedido de asilo ao argentino Javier Milei.

A carta a Milei estava no celular de Bolsonaro e foi editada em 2024, após o início da investigação da trama golpista.

Segundo a PF, o pedido de asilo aparece como parte da estratégia do ex-presidente diante da possibilidade de condenação na Ação Penal 2668, que trata da tentativa de golpe de Estado e da abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

A minuta reforça a tese de que Bolsonaro buscava alternativas não apenas para coagir o Judiciário brasileiro, mas também para escapar do alcance da Justiça nacional.

Fuga, briga com Eduardo, orientação dos EUA e áudios de Malafaia: o celular de Bolsonaro

Mensagens de texto e áudio recuperadas pela PF (Polícia Federal) no celular de Jair Bolsonaro detalham as articulações do ex-presidente para obstruir o julgamento da tentativa de golpe de Estado no STF (Supremo Tribunal Federal). Além disso, a quebra de sigilo bancário mostra repasses de R$ 2 milhões na véspera do depoimento de Bolsonaro na PF

Nas conversas do celular apreendido em 4 de agosto, foram encontradas inúmeras provas que mostram tentativas de fuga para a Argentina desde 2024, conversas ilegais com Braga Netto, brigas com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e ainda como o ex-presidente foi orientado diretamente por um advogado ligado ao presidente americano Donald Trump e como articula com o pastor Silas Malafaia campanhas de ataque aos ministros do STF.

Além disso, Bolsonaro teve acesso prévio à peças da defesa do general Mário Fernandes, o oficial responsável pelo plano Punhal Verde Amarelo que, segundo a PF, previa o assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do STF, do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Repasses de R$ 2 milhões

A Polícia Federal identificou que Jair Bolsonaro transferiu R$ 2 milhões para a esposa, Michelle Bolsonaro, em 4 de junho de 2025, um dia antes de depor no inquérito 4.995. O documento ressalta que o ex-presidente não apresentou justificativa para a operação, considerada atípica pelo volume e pela proximidade com a data da oitiva.

O relatório contextualiza o repasse dentro de um padrão de movimentações financeiras que incluem compras de dólares em espécie, dezenas de saques fracionados e transferências a familiares. Segundo os investigadores, os atos indicam estratégia para se desfazer de recursos em posse imediata e evitar medidas judiciais de bloqueio.

Linha do tempo das transações

  • 13/05/2025 – Bolsonaro transfere R$ 2 milhões ao filho Eduardo via PIX, atribuindo a origem a doações de apoiadores.
  • 29/05/2025 – Eduardo converte cerca de R$ 1,6 milhão e envia ao Wells Fargo, nos EUA, informando que o montante veio de doação do pai.
  • 04/06/2025 – Bolsonaro transfere R$ 2 milhões a Michelle Bolsonaro, na véspera de depor à PF.
  • 05/06/2025 – Eduardo repassa R$ 150 mil para a esposa, no mesmo dia do interrogatório.
  • Maio a junho de 2025 – Compras fracionadas de dólares em espécie e 40 saques somando mais de R$ 130 mil.
    Orientação de advogado de Trump

    Bolsonaro manteve contato direto com o advogado Martin de Luca, que atua para a rede social Rumble e para a empresa Trump Media – de propriedade de Donald Trump.

    Nas conversas, o ex-presidente chega a pedir que o advogado o oriente sobre o que dizer a respeito do tarifaço de 50% imposto ao Brasil pela administração Trump. Poucas horas depois do presidente americano divulgar nas redes sociais uma carta anunciando as tarifas para os produtos brasileiros.

    “Martin, peço que você me oriente também, me desculpa aqui tá, minha modéstia, como proceder. Eu fiz uma nota, acho que eu te mandei. Tá certo? Com quatro pequenos parágrafos, boa, elogiando o Trump, falando que a questão de liberdade tá muito acima da questão econômica. A perseguição a meu nome também, coisa que me sinto muito”, afirmou Bolsonaro em uma mensagem de áudio.

    O ex-presidente ainda comemora a imposição das tarifas contra as exportações brasileiras:  “Pô, fiquei muito feliz com o Trump, muita gratidão a ele. Me orienta uma nota pequena da tua parte, que eu possa fazer aqui, botar nas minhas mídias, pra chegar a vocês de volta aí. Obrigado aí. Valeu, Martin”.

    O advogado concorda e em seguida promete enviar, ainda naquele dia, “um resumo de como eu acho que pode melhorar a comunicação em relação ao tarifaço”

    Bolsonaro e Martin de Luca seguem em contato e no dia 15 de agosto os dois se falaram por meio de uma chamada de voz.

    A PF afirma que o contexto das conversas “evidencia ações previamente coordenadas” entre o representante da Rumble e Bolsonaro, com “ações de ataques ao Poder Judiciário brasileiro

     

    Com informações do ICL

Sindicato dos Professores - Campinas e Região

 Localização

Av. Profª Ana Maria Silvestre Adade, 100, Pq. Das Universidades
Campinas – SP | CEP 13.086-130 |

 Horário de atendimento
2ª a 6ª das 10hs às 16hs

 Telefone
(19) 3256-5022

 Email
sinprocampinas@sinprocampinas.org.br

"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." Paulo Freire

Todos os direitos reservados -
SINDICATO DOS PROFESSORES DE CAMPINAS E REGIÃO