A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee) e os sindicatos Sinpro Campinas e Região, Sinpro ABC, Sinpro Minas, Sinpro-JF e Sinpro-Rio divulgaram uma nota conjunta em resposta a uma matéria publicada pela Associação da Igreja Metodista (AIM) no jornal Expositor Cristão (edição de outubro de 2025), intitulada “Metodista avança na recuperação judicial e celebra conquistas em 2025”.
Segundo as entidades sindicais, a publicação da AIM apresenta uma versão distorcida da realidade do processo de recuperação judicial da Rede Metodista de Educação (RME), em andamento desde abril de 2021. De acordo com a nota, os números apresentados no editorial criam uma falsa impressão de avanço, quando o cenário real é de grave deterioração financeira e fechamento de diversas unidades educacionais.
Fechamentos e demissões em massa
Desde o início da recuperação judicial, a rede metodista perdeu mais de 70% dos postos de trabalho. Em 2021, havia 2.854 empregados; em agosto de 2025, restavam apenas 788. Apenas em dezembro de 2023, mais de 600 professores e funcionários foram demitidos de uma só vez.
Nos últimos anos, várias instituições metodistas encerraram suas atividades, entre elas:
Instituto Educacional Metodista de Passo Fundo e Centro Universitário Izabela Hendrix (2023);
Faculdade Metodista de Santa Maria e Centro Universitário Metodista IPA (2024);
Colégios Metodista Americano, União e Granbery (2025).
Fechamentos anteriores incluem ainda os colégios Bennett e Izabela Hendrix (2020), Itapeva (2021), São Bernardo e Ribeirão Preto (2022).
Crescimento mínimo e graves prejuízos
Embora a AIM tenha destacado um aumento de 5% nas matrículas em 2025, as entidades afirmam que o dado é insuficiente para indicar melhora. As principais universidades da rede, como a UMESP e a UNIMEP, operam com menos de 30% de ocupação.
Os relatórios financeiros mostram um quadro preocupante. Desde 2021, o passivo total da RME só aumentou:
R$ 577,7 milhões em 2021;
R$ 709,5 milhões em 2024;
R$ 715 milhões em agosto de 2025.
Mesmo com pagamentos parciais aos credores, o endividamento continua a crescer, acompanhado de sucessivos prejuízos — que somaram mais de R$ 1 bilhão no período. Segundo a administradora judicial do processo, apenas 26,32% das obrigações previstas no plano de recuperação foram cumpridas até agora.
Risco de nova quebra
A nota alerta ainda para o descumprimento reiterado de obrigações trabalhistas, como o pagamento do FGTS, e destaca que, até dezembro de 2025 — prazo de três anos da homologação do plano —, centenas de milhões de reais ainda estarão pendentes junto aos credores trabalhistas. Nesse caso, a Associação da Igreja Metodista poderá ser responsabilizada integralmente pelo pagamento desses valores.
Compromisso com a verdade e com os trabalhadores
Ao final, as entidades reafirmam o compromisso de defender os direitos dos professores e trabalhadores da rede metodista e de garantir a transparência no andamento do processo:
“Nosso dever é representar bem os credores e repor a verdade dos fatos ao seu devido lugar”, afirmam Contee, Sinpro Campinas e Região, Sinpro ABC, Sinpro Minas, Sinpro-JF e Sinpro-Rio.
Leia a nota na íntegra (clique aqui).

