Milhares de pessoas ocuparam ruas e praças em diversas cidades brasileiras neste domingo (14) em protesto contra a proposta de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. As mobilizações, realizadas em capitais e municípios de todas as regiões, tiveram como eixo central a defesa da democracia e a crítica à condução da pauta no Congresso Nacional, especialmente após a aprovação do projeto pela Câmara dos Deputados.
Os atos começaram ainda pela manhã em Brasília e se espalharam ao longo do dia por cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Campo Grande, Manaus, Belém e muitas outras. Em comum, as manifestações reforçaram o lema “sem anistia” e denunciaram o avanço de uma agenda da extrema direita no Legislativo.
Em São Paulo, o ato reuniu movimentos sociais, centrais sindicais, partidos e militantes em frente ao MASP, na Avenida Paulista, durante toda a tarde. Faixas, cartazes e intervenções políticas criticaram a tentativa de reduzir penas e flexibilizar punições para crimes contra o Estado Democrático de Direito. Durante a mobilização, também apareceram pautas como o fim da escala de trabalho 6×1, a valorização do trabalho, o combate ao feminicídio e críticas ao orçamento secreto.
No Rio de Janeiro, a manifestação aconteceu na Avenida Atlântica, em Copacabana, combinando discursos políticos e apresentações musicais. Artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Fafá de Belém participaram do ato, reforçando o caráter político-cultural da mobilização. Um boneco inflável de Jair Bolsonaro, caracterizado como presidiário, foi exibido próximo ao carro de som.
Durante os atos, lideranças políticas e sindicais destacaram a importância da pressão popular. Parlamentares e representantes de movimentos sociais afirmaram que a presença nas ruas envia um recado direto ao Congresso e, sobretudo, ao Senado Federal, que analisará a proposta. As falas reforçaram que não se trata de um ajuste técnico, mas de uma iniciativa com efeitos políticos claros, ao tentar aliviar penas de crimes contra a democracia.
Em Campinas
Em Campinas, a mobilização teve papel de destaque. Manifestantes realizaram uma passeata no Centro da cidade, contra a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro e contra o projeto de lei que reduz o tempo de prisão de condenados por tentativa de golpe de Estado, conhecido como “PL da Dosimetria”.
Por volta das 11h40, os participantes iniciaram a caminhada, passando pela Rua Barão de Jaguara, Largo do Rosário e Avenida Francisco Glicério, retornando ao ponto inicial. A manifestação foi encerrada por volta das 13h.
O Sinpro Campinas e Região esteve presente em apoio às mobilizações. Representando o sindicato, o diretor Nino Fonseca (foto abaixo) utilizou o carro de som para reforçar a posição contrária à anistia. Ele destacou que a defesa da democracia passa pela responsabilização de quem atentou contra o Estado de Direito e pela mobilização permanente da sociedade. “Não há democracia sem justiça. Estar nas ruas é afirmar que não aceitaremos retrocessos nem o apagamento de crimes contra o povo brasileiro”, afirmou.
Os atos deste domingo ampliam a pressão sobre o Senado, onde o projeto aprovado pela Câmara seguirá para análise, sob forte vigilância e mobilização popular em todo o país.


