As eleições de 2022 e os suas consequências na vida dos trabalhadores e do sindicalismo brasileiro foi o tema da palestra que o jornalista Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, ministrou ontem, em evento promovido pelo Sindicato dos Professores de Campinas e Região (Sinpro Campinas), em parceria com o Centro Nacional de Estudos Sindicais e do Trabalho (CES) e a Associação dos Professores da PUC Campinas (APROPUCC).

Borges, considerado um dos melhores analistas políticos da mídia independente, iniciou a sua fala dizendo que a eleição presidencial de outubro não será, como nas últimas edições, uma disputa entre esquerda x direita tão somente, mas entre “civilização x barbárie, democracia x fascismo, ciência x negacionismo”. Para o jornalista, o futuro do sindicalismo e dos direitos trabalhistas depende da derrota de Jair Bolsonaro e de seu projeto de destruição do estado de bem estar social. “Esta será a batalha mais importante de nossas vidas e deve ser a prioridade máxima das entidades de classe. Não se trata de uma simples eleição, mas de uma campanha de vida ou morte para os trabalhadores.”, disse.

Em favor da classe trabalhadora, Altamiro Borges citou que os “ventos estão favoráveis” para candidaturas progressistas na América Latina e que a ampla vantagem sustentada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas de intenção de voto, faltando cerca de dois meses para a eleição presidencial, o coloca em ótimas condições na disputa. Lembrou ainda que Jair Bolsonaro apresenta “rejeição altíssima” do eleitorado e que “nenhum candidato com essa rejeição consegue se eleger em qualquer país do mundo”.

No entanto, apesar de tudo indicar uma vitória do campo progressista, Borges faz um alerta: “Esta será a disputa mais suja da história e Bolsonaro é um franco-atirador e não poupará esforços para evitar a sua prisão e a dos filhos. Mesmo isolado, pode recorrer a uma tentativa de golpe.”, afirmou. Ele avaliou ainda que as recentes “medidas desesperadas” do governo federal para tentar reduzir a rejeição do presidente – como a lei que limita o ICMS para combustível e a ampliação do Auxílio Brasil para mais de 2 milhões de pessoas – poderão surtir algum efeito nas próximas pesquisas. “Membros do governo estão vendo tais medidas eleitoreiras como a última cartada.”, disse.

Altamiro Borges aponta caminhos a serem seguidos pelos sindicatos e demais entidades classistas para evitar que Bolsonaro se reeleja e “tenha carta branca para avançar com seu projeto de destruição”. Segundo ele, as três principais ações seriam: priorizar as eleições, movendo todos os esforços, incluindo em recursos humanos, tempo e energia, nesta direção, pois “uma nova vitória de Bolsonaro significartia o fim do sindicalismo no Brasil.”; investir no trabalho de base por meio da criação de comitês populares nos bairros e “falar com as pessoas, visitar as famílias, promover atividades festivas.”; por fim, auar nas redes sociais com produção de conteúdo como textos, áudios, vídeos voltados para “combater as fake news bolsonaristas.”

O jornalista frisou ainda que “apesar de estarmos vendo o crescimento de uma onda lulista na sociedade, ela não está necessariamente vinculada à uma onda progressista” e que “o conservadorismo ainda é muito forte entre nós e o pensamento de extrema direita não será derrotado nas urnas.” Nesse contexto, Borges reforçou a importância de o campo democrático trabalhar para eleger a maior quantidade possível de parlamentares comprometidos com a democracia e os direitos assegurados pela Constituição Federal. “É uma forma de garantir condições mínimas de governabilidade ao presidente Lula, que enfrentará muitas dificuldades em seus primeiros anos de mandato.”, avaliou.

Em sua fala, a presidente do Sinpro Campinas, Conceição Fornasari, elogiou a análise do palestrante e concordou que o sindicalismo brasileiro está em risco. “Está na hora de o sindicato tomar uma posição efetiva. O momento exige uma nova postura de todos nós, pois estamos sendo desafiados pela história a agir. Ou ficamos ao lado da democracia agora ou sucumbiremos ao fascismo por muitos anos. Que país queremos? O país da barbárie ou da civilização? É disso que se trata o pleito que se aproxima.”, afirmou

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