Professores de universidades, centros de educação tecnológica e institutos federais das cinco regiões do país anunciaram que entrarão em greve a partir desta segunda-feira (15). A decisão segue a demanda por um reajuste salarial de 22%, proposto para ser dividido em três parcelas anuais de 7,06%, com a primeira parcela prevista para este ano e as subsequentes para 2025 e 2026.

A greve, segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), também busca a reestruturação da carreira docente e a revogação de medidas que consideram restritivas, implementadas nos últimos anos, que afetam direitos previdenciários e a liberdade de greve.

Gustavo Seferian, presidente da Andes e professor de direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), destacou a urgência de investimentos públicos nas instituições federais de educação, especialmente após a redução desses investimentos durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). “Necessitamos de uma reorganização da carreira dos professores e de se ter um grande “revogaço” de medidas restritivas de direitos, de caráter regressivo, que foram implementados nos últimos anos”, afirmou Seferian.

O governo propôs que não haverá reajuste salarial em 2024, mas sugeriu o aumento de benefícios e auxílios aos funcionários públicos, com destaque para o auxílio-alimentação, que teria um aumento de 52%, passando de R$ 658 para R$ 1.000. Além disso, os valores do auxílio-creche e do auxílio-saúde seriam reajustados em 51%. Segundo o Ministério de Gestão e Inovação, “apenas o aumento do auxílio-alimentação resultaria em ganho de renda de mais de 4,5% para mais de 200 mil servidores ativos – que são os que ganham até R$ 9 mil mensais”.

O Ministério da Educação (MEC), por sua parte, informou que continua participando ativamente das negociações com os representantes dos docentes e técnicos, através das mesas de negociação nacionais e setoriais estabelecidas pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). “O MEC vem enviando todos os esforços para buscar alternativas de valorização dos servidores da educação, atento ao diálogo franco e respeitoso com as categorias. No ano passado, o governo federal promoveu reajuste de 9% para todos os servidores”, declarou o MEC.

Ademais, o governo ofereceu dois reajustes salariais de 4,5% para 2025 e 2026, que, segundo a pasta, somados aos 9% já concedidos anteriormente, representariam uma recomposição salarial de 19%, acima da inflação projetada para o período. Essa proposta foi rejeitada pelo sindicato, que insiste em um reajuste já em 2024.

Até o momento, três instituições já paralisaram as atividades e, na segunda-feira, outras 17 entrarão em greve. Além disso, cinco instituições anunciaram indicativos de greve e outras oito estão em estado de alerta.

A greve de professores segue o exemplo de movimentos anteriores de servidores técnico-administrativos em educação, que começaram em 11 de março com a participação de trabalhadores de 50 universidades e quatro institutos, também demandando a reestruturação do plano de carreira e recomposição salarial.

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior no Brasil (Andifes), que representa os dirigentes de 69 universidades e os dois centros de educação tecnológica, reforçou que “a greve é um direito constitucional garantido aos trabalhadores e as seções sindicais e os servidores têm autonomia para deliberar quanto à participação no movimento”.

Confira a lista de universidades em que os professores já estão ou podem entrar em greve:

Greve aprovada para 15/04:

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG);
Instituto Federal do Piauí (IFPI);
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB);
Universidade Federal de Brasília (UnB)
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP)
Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Universidade Federal de Viçosa (UFV)
Universidade Federal do Cariri (UFCA)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB)
Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa)
Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR)
Com deflagração/indicativo de greve após 15/4

Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ)
Instituto federal do Rio Grande do Sul (IFRS) – campi Alvorada, Canoas, Osório, Porto Alegre, Restinga, Rolante e Viamão;
Universidade Federal de Sergipe (UFS);
Universidade Federal de Uberlândia (UFU);
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
Com indicativo/construção de greve aprovada sem data de deflagração

Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI)
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
Universidade Federal do Piauí (UFPI)
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB)
Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE)
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)
Em estado de greve

Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ)
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Universidade Federal do Pampa (Unipampa)
Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA)
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

Fonte: Vermelho

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