Como é do conhecimento de muitos e muitas colegas, o Sesi, no Estado de São Paulo, iniciou movimento grevista a partir de justíssimas reivindicações que teve como marco dois dias de paralisação a qual aderiram vários professores e professoras, levando a Direção da instituição a voltar a mesa de negociações sob estado de greve. O momento histórico foi devidamente reconhecido e registrado não apenas pelo Sinpro Campinas e Região (que atuou ativamente no movimento, sendo, aliás, quem fez seu chamamento) mas também por diversos setores progressistas da sociedade, reavivando disposições de luta.
Contudo, sob a vitoriosa movimentação houve um movimento contrário que a nem todos os ouvidos chegaram: pressões, assédios, ameaças veladas ou às escâncaras pelas quais passaram vários docentes das unidades Sesi para que não aderissem às lutas recentes, lamentável atitude da Direção do sistema e que foi encampada (por apoio espontâneo ou pela “pressão do cargo”) por não poucos coordenadores. Ao peso do cotidiano docente, com suas cargas excessivas de trabalho, burocracia sufocante, exigências diárias, estresse e adoecimento físico e mental soma-se o medo da retaliação, da perda do emprego, das perseguições.
Nada disso é novo, mas que seja dito em alto e bom som que ocorre amiúde aqui e ali no cotidiano docente, e no caso do Sesi depõe profundamente contra a Direção e como ela vê seu bem maior, o corpo docente. E isso torna o movimento de professoras e professores do Sesi ainda mais importante, por levar a partes da sociedade uma realidade que a propaganda e os luminosos números de excelência, ou o discurso perverso e tacanho (“a greve prejudica o aluno de maneira grave, por isso é ruim…”) podem ofuscar, que é o sofrimento do docente. Aliás, note a leitora, o leitor, que denúncias de violência contra docentes tomam conta de noticiários e sugerem aumento nos números de casos, ao mesmo tempo em que se prevê falta séria de docentes para um futuro próximo.
Pois sabem os colegas de profissão, e que saiba muito bem a sociedade que o sofrimento docente e os ambientes opressivos não ocorrem, é óbvio, apenas em unidades Sesi, mas são parte recorrente do labor de quem se dispõe a ensinar. Adoecidos, ameaçados quando exigem apenas dignidade, respeito e direitos justos, vergados sob cargas de trabalho exaustivas, pressionados a “produzir resultados” mesmo que lhes falte estrutura e equipamento decentes em sua sala de aula, enfrentando riscos muito reais no cotidiano, nós vivemos sob o jugo do lucro carrasco e seus sequazes, com grande custo procurando, ainda assim, produzir o bem maior: conhecimento crítico. E sob a real chance de uma demissão, caso “ousemos” erguer por demais a voz pedindo apenas o que é digno e humanamente justo.
É injusta, é covarde a situação de professoras e professores no Brasil, e o Sinpro Campinas e Região elege o movimento grevista de 2025 do Sesi como uma bandeira de luta importantíssima, que quiçá se torne um marco a anunciar ações sólidas de docentes, instituições e da sociedade que preza pelas vias progressistas e humanas de construir o conhecimento, pela democracia, pelo respeito aos profissionais que somos.
Sem grilhões, muito temos a ganhar, colegas; sem professoras e professores, a sociedade tudo tem a perder.

Alexsandro Sgobin é professor e diretor de Educação do Sinpro Campinas e Região

Sindicato dos Professores - Campinas e Região

 Localização

Av. Profª Ana Maria Silvestre Adade, 100, Pq. Das Universidades
Campinas – SP | CEP 13.086-130 |

 Horário de atendimento
2ª a 6ª das 10hs às 16hs

 Telefone
(19) 3256-5022

 Email
sinprocampinas@sinprocampinas.org.br

"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." Paulo Freire

Todos os direitos reservados -
SINDICATO DOS PROFESSORES DE CAMPINAS E REGIÃO